EDITORIAL

EDITORIAL

 
 
Sempre que um tema ganha certa notoriedade é bom analisar com atenção os objetivos contidos nas propostas que se apresentam bem-intencionadas, mas, na verdade, têm implicações delicadas. É o caso das tentativas de regulamentar atividades como as psicoterapias e a psicanálise, cujos projetos legislativos são recorrentes e podem, neste caso, ameaçar o caráter laico da teoria desenvolvida por Freud há mais de 100 anos.
 
A quem interessa, e por quais motivações, impor um regramento externo à formação em psicanálise? Ou delimitar o exercício das psicoterapias? Se trata de lançar um conjunto de regras que transfira ao Estado a função de autorizar quais profissões e formações seriam habilitadas a exercer estas modalidades de intervenção. É o que respondem os especialistas consultados pela revista Entrelinhas na sua reportagem principal.
 
O debate é importante porque desde os longínquos anos de 1980 assistimos a inúmeras tentativas – todas até então infrutíferas – de vincular o exercício da psicanálise a interesses econômicos, políticos ou ideológicos. Os motivos que levam à formulação de tais projetos são múltiplos: econômicos, pela criação de cursos acadêmicos de formação, inclusive na modalidade a distância; até pretensões políticas, da bancada evangélica, visando enquadrar uma atividade leiga a seus interesses ideológicos. Trata-se de um perigo real e concreto, constatam as fontes ouvidas pela Entrelinhas.
 
No caso das psicoterapias, o debate gira em torno de uma demanda de profissionais da área da saúde, incluindo psicólogas/os, que reivindicam prioridade nas práticas como forma de proteger a sociedade. Qualificar e responsabilizar profissionais com formações diversas, muitas vezes insuficientes, é saudável. Mas tentar submeter o exercício das psicoterapias ao encaminhamento de médicas/os ou psicólogas/os, ou restringir o acesso de outras profissões que historicamente contribuíram na construção do conhecimento e da prática psicoterápica, é um debate polêmico e conturbado – embora necessário.
 
Esta edição traz também uma entrevista com o psicanalista argentino radicado em Porto Alegre Alfredo Jerusalinsky. Doutor em Psicologia da Educação e Desenvolvimento Humano, membro da Association Lacaniènne Internationale e da Associação Psicanalítica de Porto Alegre (Appoa), Jerusalinsky narra os apuros políticos que o fizeram exilar-se no Brasil, em 1977. Fala das angústias dos adolescentes de hoje, do empobrecimento crescente da linguagem e do que ele chama de “sociedade de turistas”. Além, é claro, de Jacques Lacan, de quem foi um dos maiores impulsionadores no Brasil.
 
A revista também atualiza a categoria sobre as mais novas resoluções federais que tratam da avaliação psicológica, além de trazer orientação às/aos profissionais da Psicologia sobre a necessidade de contratação para a prestação de serviços e o registro do tratamento em prontuário, documentos que legitimam o serviço prestado e aumentam o compromisso entre psicoterapeuta e paciente. Além de dicas culturais, relato de experiência, dia a dia psi e muito mais.

Boa leitura! 

Silvana de Oliveira
Presidente do CRPRS

 


 

Audiências passam a ser gravadas em áudio e vídeo

A Comissão de Ética do CRPRS passou a adotar, em maio, um sistema de áudio e vídeo para gravar suas audiências. O objetivo é qualificar a captação e armazenamento de dados junto aos processos éticos. A iniciativa segue exemplo do Poder Judiciário.

Para o presidente da Comissão, Silvio A. Lopes Iensen, a nova tecnologia proporciona maior fidedignidade e autenticidade ao registro dos depoimentos das partes e das provas testemunhais. “Essa é mais uma iniciativa da Comissão visando à proteção da sociedade e da categoria”, afirmou.

Os arquivos ficarão armazenados com segurança e somente a Comissão de Ética e as partes do processo terão acesso ao seu conteúdo.
 

Mais antiga do CRPRS, Subsede Serra completa 20 anos

A Subsede Serra celebrou seus 20 anos de atividade em maio com uma plenária ampliada seguida de confraternização com psicólogas/os e conselheiras/os da região, que incluiu depoimentos históricos de representantes de gestões do CRPRS e homenagens. 

As pautas debatidas na plenária ampliada foram o Encontro Gaúcho da Psicologia, e a política de descentralização, participação democrática e territorialização no Conselho.