O Centro de Referência em Direitos Humanos, Relações de Gênero, Diversidade Sexual e Raça (CRDH), projeto de extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, realiza atendimentos a pessoas da comunidade LGBTQIA+ e/ou pessoas vivendo com HIV/AIDS por meio de assistência jurídica, social e psicológica, em parceria com a ONG Somos. Ainda, oferece à rede de serviços intersetoriais da assistência social, justiça, educação e saúde formações às/aos suas/seus trabalhadoras/es. Além do atendimento direto, tem a premissa de que as/os usuárias/os possam ser atendidas/os em quaisquer locais, sem o receio de sofrer possíveis violências, por isso é relevante a frente de trabalho junto às/aos outras/os trabalhadoras/es das políticas públicas.

 

A equipe de assistência do CRDH é formada, principalmente, por bolsistas de mestrado e doutorado nas áreas da Psicologia e Serviço Social, assim como estudantes de graduação, que realizam seus estágios obrigatórios. Elas/eles recebem presencialmente ou em modo on-line as diversas demandas das/os usuárias/os que procuram o serviço. Tem-se percebido, apesar da miríade de situações, um aumento da busca por atendimento em saúde mental pela população LGBTQIA+ e pessoas que convivem com HIV/AIDS. Muitas vezes, pessoas com histórico de passagem por outros serviços de saúde, nos quais não sentiram o acolhimento em sua integralidade. Esta falta de acolhimento não se trata somente de formação para aquelas/es profissionais no atendimento à diversidade sexual de gênero, ela é somada à precarização que a saúde pública sofre e vem sofrendo com as gestões municipais.

 

É neste contexto que meu trabalho como supervisor de estágio se insere. Faço a supervisão das/os estagiárias/os da Psicologia, alguns na sua primeira empreitada de atendimento direto à/ao usuária/o, outras/os com certa experiência anterior. E o desafio não está nisso. Ele reside na possibilidade de, num ambiente suportivo, as/os estudantes conseguirem aprender na assistência a pessoas em situação de extrema vulnerabilidade e desempenhar o acolhimento integral às/aos usuárias/os. As/Os estudantes também conduzem atividades formativas nos serviços da rede com independência, resultado de formação – toda a formação acadêmica – em Psicologia que dá relevância à visão para os Direitos Humanos, conforme prevê a Diretriz Curricular Nacional.

 

Retomando a premissa da formação de trabalhadoras/es, os estágios no CRDH funcionam como uma espécie de preparo para que essas/es futuras/os profissionais possam se inserir nos mais variados setores com um preparo maior para acolherem, integralmente, a diversidade sexual, de gênero e suas interseccionalidades.