DICAS CULTURAIS


   Literatura   

Ausentes



“Porque ninguém existe olhando-se sozinho”. Frase do romance de estreia do professor e psicanalista de Manoel Madeira e que está na dedicatória do meu exemplar, adquirido no Encontro Gaúcho da Psicologia, realizado em Porto Alegre, em agosto de 2018. A trama envolvente conta a história de Juliette, jovem nascida na cidade gaúcha de São José dos Ausentes, que se muda para Porto Alegre com o namorado, Pedro, para estudar. Num dia qualquer, dentro de um ônibus na capital gaúcha, ela recebe um telefonema de Pedro, que lhe avisa estar a caminho de Ausentes para o enterro de sua madrasta. Eis que Pedro desaparece e sua ausência passa a guiar a vida de Juliette. Na certeza de que o namorado havia fugido para Paris, ela parte para lá, onde viverá experiências viscerais nas quais ao mesmo tempo em que tenta encontrar Pedro também tenta encontrar a si mesma. A leitura agradável e encharcada do sotaque gaúcho convida o leitor a peregrinar com Juliette. (Luciara Gervasio Itaqui – conselheira)
 
 

 


   Filme   

O Menino Que Descobriu o Vento

 

O Menino que Descobriu o Vento (baseado no livro escrito por  William Kamkwamba e Bryan Mealer, filme dirigido e roteirizado por Chiwetel Ejiofor) conta a história de uma pequena aldeia africana, que vive da agricultura. Quando as condições climáticas da região comprometem a colheita, o povoado passa a sofrer com a fome e com a fragilidade do Estado que não consegue prover a população com proteção social. O protagonismo da história é da família Kamkwamba, cujo patriarca, Trywell (Chiwetel Ejiofor), além de possuir uma 
ética pessoal admirável, prioriza a educação de seus filhos, destoando da cultura local. Seu filho, William (Maxwell Simba), luta por estudar apesar de enfrentar a ameaça de exclusão da escola por falta de pagamento, o que acaba acontecendo. Justamente pelo gosto pelos estudos é quem coloca em prática uma ideia que ele teve quando passava o tempo lendo livros na biblioteca da escola: construir uma torre de energia eólica, de forma a poder consertar uma bomba de água e gerar o que faltava para que a plantação dos grãos da aldeia pudesse germinar.
A história do filme contém uma beleza sutil e tocante, que envolve ao acompanharmos o passar das estações e a trama das dificuldades, sofrimento e especialmente a sensibilidade e capacidade de resistência humana. Nesse contexto, se destaca a educação como instrumento de transformação, e a importância do laço social comunitário. Ao mesmo tempo é chocante perceber que em plena contemporaneidade houvesse – como ainda há – vulnerabilidades que há muito tempo o desenvolvimento econômico já sanou, e a falta de acesso aos bens sociais que o conhecimento produz. É uma história de vínculos, de resistência, de transformação, mas também de dura desigualdade social. História que diz muito a respeito de todas e todos nós.(Silvana de Oliveira – conselheira)