EDITORIAL

Editorial

 

Em 26 de setembro de 2019 a Gestão Frente em Defesa da Psicologia do Rio Grande do Sul tomou posse. Se aqui estamos, regional e nacionalmente, é porque uma visão de mundo, de sociedade e de Psicologia foi escolhida, pois reafirmar direitos humanos nesses tempos soa subversivo. Afora o direito à propriedade e à liberdade econômica, os demais – até mesmo os mais elementares direitos humanos – são tratados como ameaças ou meras formalidades disfuncionais. E o que dizer, então, dos direitos sociais, apontados diariamente como entraves inaceitáveis ao funcionamento da economia do país? O Estado só é mínimo quanto a essa última, quanto à liberdade de opinião, a uma vida digna e condições justas, ele lança suas asas sombrias ameaçando todos que não marcharem segundo o padrão imposto. Local de nascimento, descendência ou crenças religiosas passam a ser tratados como condições para a titularidade plena de direitos. 
 

 
A Psicologia, trabalhadoras/es da Psicologia e suas entidades não estão imunes. Foram os ataques sofridos pela profissão que mobilizaram, organizaram e uniram esse coletivo. Os ataques à Resolução sobre a homossexualidade, o retrocesso na política de drogas, o desmonte das políticas públicas, o discurso de ódio, o racismo, a LGBTfobia, os cortes na educação. O fundamentalismo religioso buscando apropriar-se da Psicologia laica, democrática e em consonância com os Direitos Humanos. 
 
Em fevereiro de 2019 foi lançado o “Manifesto em defesa da Psicologia Brasileira forte por sua ciência e profissão com ética, formação e entidades” e, logo após, foi constituída a Frente em Defesa da Psicologia RS, que culminou na organização de um coletivo diverso e plural. O programa eleitoral da Chapa 12 se fez ainda mais necessário durante os contatos mantidos com psicólogas e psicólogos residentes em Porto Alegre e no interior do estado e durante a campanha nacional junto com as Frentes regionais que, com certeza, nos tirou do já histórico isolamento do RS. 
 
Assumimos o compromisso de continuar lutando por uma Psicologia laica, democrática, antirracista e que atue na defesa intransigente dos Direitos Humanos. Fica o nosso respeito com as gestões que nos antecederam e com a categoria de psicólogas e psicólogos do Rio Grande do Sul. Muito foi feito e muito ainda se faz necessário.
 
Ana Luiza de Souza Castro
Presidente do CRPRS