EDITORIAL

 
Desde março, a realidade da pandemia tem alcançado o mundo e, de alguma forma, unificado o medo, a angústia, a desesperança. O necessário isolamento social tem nos feito ter a consciência da finitude e de um acerto de contas pessoal e intransferível. Sim, nada será como antes. Os perturbadores dilemas: afastar-se para sobreviver, trancar-se para voltar a ser livre, não ter para onde fugir. Na realidade escancarada, uma ferida aberta: muitos não têm casa, não têm emprego, vivem na miséria. Os cortes nos gastos públicos, o desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS), do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), das Políticas Públicas e a irresponsabilidade “insana” do governante máximo aumentam em muito o caos social no Brasil.
 
E no meio da desordem as perguntas frequentes: como manter a saúde mental nesses tempos? Como sobreviver à solidão? Como manter a vontade de viver? Como suportar o sofrimento e o luto pós-pandemia?
 
A Psicologia tem sido convocada a falar e a agir. Tem tentando responder a essa dura realidade que nos chega 24 horas por dia. Desde o início da pandemia, os Conselhos de Psicologia do Brasil têm atuado na construção de alternativas à emergência sanitária e no reconhecimento do profissional da Psicologia e da ciência psicológica como necessário no enfrentamento à crise. 
 
Desde o dia 13 de março de 2020, o Sistema Conselhos de Psicologia tem trabalhado ainda mais coletivamente, construído as respostas para as constantes dúvidas das psicólogas e dos psicólogos. Publicando normativas baseadas na ética, na ciência e na defesa da vida de todos e todas. A flexibilização do atendimento on-line, o atendimento a pessoas privadas de liberdade, a atuação da Psicologia em emergências e desastres, são alguns exemplos. Nossa principal preocupação no momento é com psicólogas e psicólogos cujos trabalhos são essenciais e necessitam efetivamente de condições de segurança para executá-los, com o fornecimento pelos empregadores – públicos ou privados – de EPIs (equipamentos de proteção individual) adequados às normas do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde.
 
A única certeza é que, quando tudo isso passar, a vida não será mais a mesma. E desejamos mesmo que novas ordens mundiais e de relações surjam acompanhadas da justiça social, da humanidade e da solidariedade.
 
Gestão Frente em Defesa da Psicologia RS