Por conta da pandemia de Covid-19, estamos nos deparando com o imperativo de "ficar em casa". O lar, além de espaço de aconchego, hoje também é uma forma de preservar a vida. Mas você já se questionou sobre as motivações que podem levar alguém a não se sentir segura/o/e em casa?
Para muitas pessoas LGBTI+, o isolamento social está propiciando sofrimento quando deveria suscitar acolhimento, proteção e cuidado. Elas/Eles/Elus estão expostas/os/es a discriminação e violência ao terem que conviver por mais tempo com familiares que não aceitam sua orientação sexual e/ou identidade de gênero.
Por muito tempo, a Psicologia se pautou na patologização e tutela das identidades sexuais e de gênero, atravessada por um discurso universal do sujeito, que pressupõe a subjetividade a partir de um modelo branco, cisgênero e heterossexual, desconsiderando outras possibilidades de existência. Ainda hoje percebemos efeitos dessa carga histórica quando se buscam encontrar explicações quanto à origem/essências de identidades e sexualidades não cisheteronormativas.
A prática psi deve considerar raça, classe, gênero e sexualidade. O encontro com a Psicologia deve ser um encontro seguro e, por esse motivo, deve ser atravessado pela ética e consoante com a defesa dos direitos humanos para que possa produzir saúde. É nosso papel apoiar os movimentos sociais, defender políticas públicas e impulsionar transformações sociais. O Sistema Conselhos de Psicologia tem dentre suas intervenções as Resoluções do CFP 01/99 e 01/2018 e o livro "Tentativas de Aniquilamento de Subjetividades LGBTIs", com depoimentos que ilustram diferentes formas de opressão e violência a que pessoas LGBTI+ estão sujeitas/os/es. O CRPRS tem uma Nota Técnica acerca do tema.
Para refletir conosco, convidamos pessoas LGBTI+ para responder o que esperam do encontro com a Psicologia. O que precisamos (des)aprender para atuar sem patologizar?