O 29 de agosto marca o Dia Nacional de Visibilidade Lésbica. A data surge em 1996 com o 1º Seminário Nacional de Lésbicas, pelo fortalecimento da luta contra as opressões de gênero e sexualidade e pelo direito a uma vida digna e livre. É um importante marco político - e nada mais político que o corpo, a sexualidade, as formas de existir, amar e suas visibilidades. São diversas as normatividades que tentam impor compulsoriamente a heterossexualidade e a cisgeneridade sobre todos os corpos - e sobre as mulheres lésbicas, oprimindo-as por não corresponderem às normas de gênero expressas em inúmeras manifestações sociais, culturais e institucionais. A Psicologia contribuiu para patologizar os comportamentos das mulheres, tomando a heterossexualidade (e todos os ideais sociais patriarcais associados a ela) como parâmetro para compreender suas vidas, naturalizando nas mulheres a subalternidade a um homem que as escolha, ame, proteja - o que leva a experiência lésbica a ser percebida por meio de uma escala “que parte do desviante ao odioso ou a ser simplesmente apresentada como invisível", como diz Adrienne Rich. Será que a Psicologia já superou esses pressupostos? Ou ainda contribui para a lesbofobia?
As histórias das mulheres lésbicas são histórias que ninguém conta. As tecnologias de gênero nos inundam incessantemente com discursos de amores cis-heterossexuais, vividos por personagens que cumprem exemplarmente os papéis de gênero ditados pelas normatividades, e escondem outras histórias: as das violências sofridas pelas mulheres lésbicas.
A pesquisa que levou ao Dossiê do Lesbocídio parte da necessidade de contar as histórias das violências contra mulheres lésbicas. “Lésbicas se relacionam exclusivamente com outras mulheres, mas os principais assassinos de lésbicas no Brasil são homens”, evidenciando as violências cisheteropatriarcais presentes na lesbofobia. A importância de reconhecer o lesbocídio em suas especificidades em relação ao feminicídio está na urgência de falar sobre todas as violências que visam à eliminação lesbofóbica das vidas das mulheres que insistem em existir e amar do seu jeito.
Precisamos superar a lesbofobia para que possamos ler as outras histórias que as mulheres têm para contar.
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