O CFP marcou presença no 7º Fórum Social Mundial (FSM), o primeiro realizado na África, que aconteceu entre os dias 20 a 25 de janeiro de 2007, em Nairóbi, no Quênia. Este encontro internacional – que nasceu para ser o contrapeso do Fórum Econômico Mundial, que se realiza anualmente em Davos, na Suíça – congrega movimentos e organizações sociais voltadas para as mais variadas causas: direitos humanos, meio ambiente, defesa de minorias e outras, em torno do lema “Um Outro Mundo é Possível”. Como aconteceu em edições anteriores, o Conselho Federal de Psicologia enviou delegados para apresentarem uma oficina sobre temas relevantes de direitos humanos e saúde mental no Brasil.
A oficina “Um Mundo sem Manicômios é Possível” foi apresentada por uma equipe multidisciplinar composta por Elisa Zaneratto Rosa, conselheira do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo; Miriam Abou-Yd, da Coordenação do Projeto de Saúde Mental de Belo Horizonte, MG; e Luís Fernando Tófoli, supervisor da Rede de Atenção Integral à Saúde Mental de Sobral, CE. Os dois municípios são cidades brasileiras de portes diferentes que receberam prêmios pela excelência da organização de seus cuidados à saúde mental, voltados à comunidade e à inserção social, representando duas alternativas reais às práticas de exclusão dos manicômios que ainda representam, em muitos municípios brasileiros, a única forma de atenção à Saúde Mental.
Por outro lado, a oficina e os posteriores contatos, durante o FSM, com movimentos sociais ligados à saúde mental e à saúde em geral, demonstraram os avanços que a Reforma Psiquiátrica Brasileira já conquistou. É verdade que estas conquistas são apoiadas pelo Ministério da Saúde brasileiro há já vários anos. No entanto, o esforço da militância histórica de profissionais, usuários, familiares e simpatizantes foi fundamental para tornar o lema da Luta Antimanicomial – “Por uma Sociedade sem Manicômios” – em uma meta governamental.
"O compartilhamento de experiências como esta, aliado à simpatia e hospitalidade dos quenianos, auxiliou a tornar a versão deste ano do Fórum Social Mundial em uma experiência relevante, em especial para mostrar que no continente irmão da África – que quase sempre só chega aos meios de comunicação para conhecermos de suas mazelas – novas sementes estão sendo plantadas. Elas revelam a força dos movimentos sociais para que o sonho de um outro mundo, incluindo a possibilidade de outros cuidados à saúde mental, torne-se realidade", diz Luís Tófoli.