A Covid-19, após um ano, segue atingindo as mulheres por muitos lados: na sua saúde, na subsistência, na violência doméstica, na sobrecarga das tarefas do cuidado doméstico e familiar.
Dados estatísticos coletados pela ONU, em relatório publicado em outubro de 2020, revelam que os avanços duramente conquistados no enfrentamento da desigualdade de gênero desde a Declaração de Pequim de 1995 estão ainda mais ameaçados e distantes. Segundo o estudo, em 2020, apenas 47% das mulheres em idade laboral estavam empregadas, em contraste com 74% dos homens; apenas 50% podem decidir sobre o uso de contraceptivos ou escolher não ter uma relação íntima. Além disso, as mulheres também estão mais expostas na linha de frente da Covid-19, sendo mais de 70% das/os trabalhadoras/es da Saúde. Na média mundial, as mulheres seguem sendo apenas um quarto dos cargos de gerência das empresas e minoria nas áreas de pesquisa e desenvolvimento científico e na atividade política.
Estima-se que a crise decorrente da pandemia da Covid-19 aumentará drasticamente a taxa de pobreza das mulheres e ampliará a brecha já existente entre homens e mulheres que vivem na pobreza extrema. O isolamento social, em 2020, também deflagrou o agravamento da violência doméstica sofrida pelas mulheres, além de implicar no aumento da já existente sobrecarga do trabalho reprodutivo, dedicando três vezes mais tempo do que os homens nas tarefas de cuidado da casa, dos filhos, dos familiares idosos ou doentes.
As mulheres carregam o peso da pandemia, do desemprego ou do acúmulo de trabalho com as tarefas domésticas e familiares. Suportam o medo da violência sem alternativas diante da escassez de recursos financeiros ou sociais para enfrentá-la. Elas estão abandonadas em meio a essa emergência que se agrava cruelmente.
Esse período instável, inseguro e frágil tem exigido mais do que nunca o comprometimento das/os profissionais da Psicologia por uma atuação que respeite, defenda e garanta os direitos fundamentais.
Neste 8 de março, o CRPRS marca seu posicionamento de luta e propõe à categoria a seguinte reflexão:
- Como essa realidade aparece em seu cotidiano de trabalho como psicóloga/o?
- A sua prática materializa o compromisso ético e político com a defesa dos direitos humanos das mulheres?
Saiba mais sobre a origem do Dia Internacional da Mulher, data de rememoração de conquistas e atualização das lutas das mulheres, lendo a seção Observatório dos Direitos Humanos da EntreLinhas nº 84.