Ao longo de sua história, a Psicologia brasileira vem se constituindo como uma prática de escuta, acolhimento e transformação das histórias de pessoas e grupos. Nem sempre foi assim, pois práticas excludentes e normatizadoras já foram prioritárias em nossas ações. Com a inserção da Psicologia nas políticas públicas, se apresentam novos desafios e novas possibilidades.
As subjetividades das/os brasileiras/os, forjadas em um contexto de desigualdade, colonialismo, machismo, racismo e LGBTfobia, produzem sofrimentos diversos, desde a infância, percorrendo a adolescência e a vida adulta. As tristezas, as dores e as alegrias acompanham as pessoas pela vida, em suas relações pessoais, de estudo, moradia e trabalho. A Psicologia, por sua vez, aprende e ensina a importância de que cada uma e cada um se aproprie de sua história, enfrente as dificuldades, e se fortaleça, individual e coletivamente para enfrentar as dificuldades e limites encontrados nesse percorrido.
A escola tem sido espaço de inclusão e disparadora de processos inclusivos, onde o lugar para todos e todas vem se construindo a partir de amplo debate entre trabalhadoras/es professoras/es, famílias, estudantes e comunidade. Sendo assim, percebe-se que muito das conflitivas vivenciadas pelos estudantes, aparecem no espaço escolar. Onde se acolhe a diversidade, aparecem os conflitos. Onde se oportuniza a palavra, se expressam sentimentos.
Consideramos isso ser o essencial. A Psicologia com a escola quer ajudar a fala, a expressão, o pensamento, para que todas e todos construam a sua autonomia emocional e social. Nossos jovens precisam de acolhimento, não de disciplina e normatização. A subjetividade humana é diversa, rica, plural. Essa riqueza nos constitui e precisa nos fortalecer.
Em tempos de crise, a saúde e, principalmente, a saúde mental e a Psicologia, juntamente com a escola, podem potencializar o movimento de despatologização da educação, auxiliar crianças e adolescentes a reconhecer e a nomear sentimentos e emoções, contribuindo para o desenvolvimento de resiliência e promovendo saúde mental. Além de auxiliar nos processos pedagógicos e na relação escola e família.