Na quinta-feira, 27/08, uma edição especial do CRPRS Convida pelo Dia da/o Psicóloga/o. A live foi transmitida pelo Facebook do Conselho e teve como tema “A Psicologia escolhe a vida: não ao genocídio!”. Mediada pela presidenta do CRPRS, Ana Luiza Castro, a live marcou um ano da gestão Frente em Defesa da Psicologia RS à frente do CRPRS e a defesa de uma Psicologia antirracista e democrática.
No primeiro bloco, as psicólogas Jesus Moura (CRP 02/4617) e Emilia Estivalet Broide (CRP 06/63084) falaram sobre Psicologia, psicanálise e a conjuntura em meio à pandemia da Covid-19.
Emília lembrou que a pandemia veio em meio a uma grave crise econômica, política e social, com o desmonte das políticas públicas e da garantia de direitos e que, para a nova realidade, não existe tradição. “Escolher a vida é desacomodar a Psicologia do seu fazer preestabelecido”, analisou Emília citando experiências práticas de ações sociais desenvolvidas pela profissão nesse novo contexto a partir de demandas de urgência social.
Para Jesus, considerando o compromisso social da profissão, as/os psicólogas/os precisam compreender o atual momento em que condições de trabalho, saúde e vida de pessoas que já viviam vulnerabilizadas estão ameaçadas e repensar suas práticas, ampliando as possibilidades de atuação. “A Psicologia foi valorizada e convocada a ir à luta. Todas as abordagens da profissão foram convocadas a repensar, reformular suas práticas e se adaptar a esse chamado virtual com o objetivo de ampliar acessos”, destacou.
Relacionando o fazer profissional ao mote da campanha pelo Dia da/o Psicóloga/o do CRPRS “A Psicologia escolhe a vida: não ao genocídio!”, Jesus resgatou a origem da política genocida contra índios e negros escravizados e reforçou a necessidade de uma atuação implicada com a defesa dos direitos humanos e que, portanto, não compactue com ações que permitam a morte principalmente de negros e pobres. “A Psicologia não pode aceitar essa forma de lidar com humanos, não pode aceitar qualquer ação genocida”.
Emília ressaltou que esse genocídio, que é histórico e estrutural, incide, automaticamente, na produção de referências para a Psicologia. “É Importante pensar a produção intelectual brasileira da categoria e não ficar dependente apenas de referências europeias.”, salientou a psicóloga ao frisar que a/o profissional não deve levar em cota só o que se produz na academia, mas, sim, ao que se produz na experiência prática de trabalho nas urgências sociais, como, por exemplo, as comunidades brasileiras expostas à vulnerabilidades sociais.
O segundo bloco da live foi marcado pelo questionamento de como tem sido para as/os psicólogas/os lidar com os diferentes contextos, durante a pandemia.
Segundo a convidada Fernanda Francisca da Silva (CRP 07/23382), psicoterapeuta clínica e servidora pública da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, um dos principais desafios da categoria, neste momento, é conseguir oferecer subsídio dentro de um tempo razoável, aos pacientes, frente a esta mudança brusca nas rotinas. Ela destacou que muitos pacientes, no âmbito do consultório, acabaram abandonando seus processos terapêuticos, porque se sentiam desconfortáveis, sem estrutura e sem privacidade, para realizar a terapia dentro de casa, por meio de atendimentos virtuais. “Logo no início da pandemia, ouve uma baixa de pacientes, mas, posteriormente, várias pessoas começaram a fazer terapia, durante a quarentena. Essa mudança de rotina e, consequentemente, a necessidade de se adaptar com as redes sociais e outras tecnologias, fez com que nos deparássemos com um consultório novo: a sala da nossa casa.”
Arthur Gomes de Almeida (CRP 07/30082), psicólogo residente do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental Coletiva/UFRGS, apresentou a situação dos residentes e questionou como um programa de residência pode construir um plano de contingência para inserir os jovens profissionais no ambiente de trabalho, neste período.
No contexto de usuários de álcool e outras drogas e com sofrimentos psíquicos graves, o trabalho da/o psicóloga/o, dentro de um hospital, teve que ser repensado também. “Tínhamos um aparato de suportes terapêuticos, saídas e atividades em grupo. Mas, agora, tudo teve que ser reconsiderado, principalmente no ambiente hospitalar, onde o espaço foi encolhido, justamente para atender os infectados da COVID-19.”, relatou o convidado Joelsom de Moraes Ferreira (CRP 07/12184), psicólogo dos leitos de Saúde Mental do Hospital Santa Teresinha de Encantado.
Por fim, a discussão abordou, ainda, a realidade da/o trabalhadora/or, frente à pandemia, na área de serviços sociais, como é o cenário do Centro de Referência de Assistência Social - CRAS. Para falar sobre o assunto, a live contou com a participação da psicóloga Bruna dos Santos (CRP07/27501), atuante no CRAS e no Abrigo de Menores em Arroio do Meio. “A partir da pandemia, a taxa de desemprego aumentou e a situação de famílias que já estavam em situação de vulnerabilidade social piorou. A gente, enquanto profissional, teve que se adaptar. O CRAS não fechou, no início da quarentena, fazíamos atendimentos online, mas, depois, retomamos presencialmente e voltamos a realizar visitas a essas famílias.”
Confira à live na integra: