A recente polêmica sobre casos de suicídio entre jovens evidencia a necessidade de abordar o tema de forma séria, apropriada e comprometida, levando em conta as especificidades dos diversos contextos sociais.
A região sul do país é a que apresenta os maiores índices de suicídio do Brasil, conforme artigo “Análise epidemiológica do suicídio no Brasil entre 1980 e 2006”. Segundo o texto “Epidemiology of suicide in Brazil (1980 - 2000): characterization of age and gender rates of suicide”, no período de 1980-2000 ocorreu um aumento de 1900% nas taxas de suicídio em jovens de 15-24 anos no Brasil. O aumento nesta faixa etária também foi observado no contexto do Rio Grande do Sul, conforme demonstrado no artigo “Suicide among young people in selected Brazilian State capitals”.
O suicídio é um fenômeno complexo e dificilmente pode ser atribuído a uma única causa. No entanto, esse agravo de saúde é maior entre jovens negros, pessoas com deficiência, meninas e mulheres, pessoas vivendo em situação de pobreza, pessoas que se declaram gays, lésbicas, travestis ou transexuais e/ou pessoas com algum sofrimento psíquico.
Em meio à polêmica a respeito do "jogo" Baleia Azul e do seriado 13 Reasons Why, o CRPRS se pronuncia no sentido de afirmar a importância da atenção à saúde mental de jovens e adolescentes, não apenas no atendimento clínico psicoterápico (privado ou público) e nas redes de atenção psicossocial, mas também no contexto escolar.
Atualmente, nas escolas brasileiras não há obrigatoriedade de contratação de psicólogas/os que poderiam atuar, por exemplo, mitigando situações de bullying e discriminação, fenômenos socioculturais fortemente associados ao suicídio, como mostra o artigo “Relationship between peer victimization, cyberbullying, and suicide in children and adolescents: a meta-analysis”. O Sistema Conselhos de Psicologia vem se mobilizando pela aprovação dos Projetos de Lei que tramitam na Câmara dos Deputados (3688/2000) e no Senado Federal (557/2013) que dispõem sobre a atuação da/o psicóloga/o na rede pública de ensino.
Além disso, alinhado aos posicionamentos da Organização Mundial da Saúde, o CRPRS pede cautela na forma como são noticiados casos de suicídio em geral, de forma a evitar o contágio. Suficientes evidências mostram que algumas formas de notícia estão associadas a um aumento nas taxas de suicídios; especialmente entre jovens. Nesse sentido, a sociedade deve estar atenta para
- Não publicar fotografias explícitas ou cartas suicidas.
- Não informar detalhes específicos do método utilizado.
- Não fornecer explicações simplistas.
- Não glorificar o suicídio ou fazer sensacionalismo sobre o caso.
- Não usar estereótipos religiosos ou culturais.
- Não atribuir culpas.
O CRPRS está à disposição da categoria para ampliar o debate sobre o tema em suas Comissões e Núcleos. Sugestões de enfoques a serem discutidos devem ser encaminhadas ao e-mail comissoes@crprs.org.br.