Dentro das atividades virtuais do Fórum Social das Resistências, na tarde de quinta-feira, 27/01, o CRPRS e a Associação Construção promoveram uma discussão sobre a arte mobilizando a inclusão social e a economia solidária na saúde mental. A atividade foi mediada pela conselheira Maynar Vorga, que ressaltou a importância da pauta do cuidado em liberdade na saúde mental para o Conselho.
Participando por meio de um vídeo, Carolina Seibel Chassot, doutora em Psicologia Social e Institucional, resgatou como foi o processo de constituição da Associação e sua pesquisa para o doutorado. “Foi uma iniciativa que partiu de grupos de usuários do Geração POA para ter um espaço autônomo para criar e desenvolver seu trabalho e promover geração de renda. Em sua tese, Carolina cartografou esse processo de “encontros, desencontros, entraves, aprendizagens e as dificuldades que qualquer coletivo popular tem para se viabilizar dentro da economia solidária”, lembrou.
Na sequência, Lucineide Gomes, costureira, artesã e coordenadora geral da Associação Construção, falou sobre a organização da gestão, feita de forma horizontal, sendo tudo discutido e decidido coletivamente de forma que todos os associados se apropriem e participem das demandas do empreendimento. Também descreveu as diferentes atividades desenvolvidas pela Associação. Tendo como bandeira a Luta Antimanicomial, a organização busca o fortalecimento do protagonismo de cada integrante. “A arte é a nossa forma de expressão, nossa forma de comunicação. Ao desenvolver nossos produtos, temos a oportunidade de comunicar e expressar sentimentos, ampliar a consciência de cidadania do individuo que está em sofrimento psíquico”. Os desafios enfrentados durante a pandemia também foram ressaltados por Lucineide.
A Associação Construção foi constituída formalmente em 2014 dentro do Geração POA, serviço que integra a Rede de Atenção Psicossocial da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, como lembra Kátia Barfknecht, terapeuta ocupacional, mestre em Psicologia Social e Institucional. “Sabíamos da importância de desvincular a Associação do Geração POA. Eles precisavam crescer e ser algo maior na comunidade de Porto Alegre, tornar-se um empreendimento solidário de inclusão pela via do trabalho”.
Gilmar Gomes, servidor da UFRGS aposentado que atua nos últimos 20 anos em assessoria de empreendimentos de economia solidária, disse que a arte contribui produzindo um trabalho associado e consequentemente de inclusão e cidadania. “Esse tipo de arte como proposta terapêutica e inclusiva é diferente da lógica de trabalho do sistema capitalista, que dita um ritmo de produção, tem cobranças e exigências específicas. Essa organização é uma conquista para além do indivíduo, seu progresso e a conquista de autoestima acontecem em um coletivo, para além da sua própria percepção, ele começa a perceber o outro”.
A importância da arte e da economia solidária para a saúde mental foi ressaltada por Maribel Kauffmann, artesã, economista, componente do empreendimento Inovarte, que participa do Fórum Municipal de Economia Popular Solidária de Porto Alegre. “A Arte tem o poder de sintetizar, sensibilizar as emoções que estamos vivendo. Já a economia solidária trabalha com aspectos como a força do coletivo, da autogestão, da questão do bem-viver e da empatia. É valorizar o coletivo, a cooperação, a solidariedade”, afirmou.
Outros integrantes da Associação participaram da atividade em uma sala na sede da Associação Construção.
Durante a atividade foram exibidos alguns vídeos que mostram as atividades e produtos da Associação Construção. Também foram disponibilizados os endereços físico e virtual da Associação, nos quais podem ser encontrados alguns produtos de suas atividades: Instagram e Facebook @associacaoconstrucao e site da Oficina Sol Coletivo, Arte, Saúde e Economia Solidária https://www.oficinasol.com.br/ .
Assista ao vídeo da atividade na íntegra: