Hoje, 20 de novembro, seis meses após o assassinato de George Floyd nos Estados Unidos e há sete meses da morte de Gustavo Amaral em Marau/RS, divulga-se o assassinato de João Alberto Silveira de Freitas, homem negro, trabalhador aposentado, casado com Milena Borges Alves. Espancado até a morte em um supermercado, saiu de lá em saco plástico da perícia da polícia civil. Filmagens mostram pessoas espantadas diante da cena, mas impotentes para barrá-la. Receber esta notícia no Dia da Consciência Negra NÃO é um acaso! O extermínio da população negra se repete todos os dias em nosso país e segue acontecendo enquanto lemos esta nota.
É inaceitável que a ação de agentes de segurança seja caracterizada como “despreparo” para o exercício da função. Não é despreparo, é RACISMO! Há, sim, preparo para uma abordagem truculenta, onde a existência das pessoas negras é imaginariamente travestida de risco à sociedade. Não à toa, em nosso estado se consolida a tese jurídica de ‘legítima defesa imaginária’ para arquivar inquérito contra policiais assassinos do jovem Gustavo Amaral.
É o racismo estrutural que organiza a sociedade brasileira e mundial e impõe às pessoas negras, elas sim, a necessidade de se defenderem cotidianamente do risco de inúmeras violências pelo fato de serem negras! É o racismo que naturaliza padrões baseados em princípios discriminatórios de raça, sustentando o processo histórico, político e social que mantém os mecanismos de hierarquização e segregação racial.
Precisamos reconhecer o racismo que nos habita e que mata o povo negro, indígena, quilombola todos os dias. Silenciar sobre o racismo nos torna ética e politicamente responsáveis por sua manutenção. Não podemos aceitar que a vida cotidiana, como ir e voltar vivo do supermercado, seja um privilégio branco.
O Conselho Regional de Psicologia do RS, solidarizando-se com a família da vítima e com todo o povo negro, volta a dizer: NÃO AO GENOCÍDIO! VIDAS NEGRAS IMPORTAM! Por uma Psicologia Antirracista que lute por uma sociedade mais justa e igualitária, na qual a racialização não seja motivo para o extermínio.
João Alberto Silveira de Freitas, Presente!
Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul
Comissão de Direitos Humanos do CRPRS
Comissão de Relações Étnico-Raciais do CRPRS
Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es)- ANPSINEP - Núcleo Região Rio Grande do Sul
ATO NESTA SEXTA-FEIRA, 20/11
O CRPRS participa de ato nesta sexta-feira, 20/11, às 18h, em frente ao Carrefour Passo D'Areia. A mobilização será transmitida pelo Instagram do Conselho.