Confira documento produzido pelos militantes gaúchos da luta antimanicomial, responsáveis pela organização do Mental Tchê da Resistência. Evento acontece neste sábado, 27/05.
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É com muito orgulho, alegria e esforços de várias pessoas e coletivos gaúchos comprometidos com a defesa da Saúde como direito de todo brasileiro e da Reforma Psiquiátrica como valiosa conquista do movimento antimanicomial que convidamos a todos para participar de mais uma edição do Mental Tchê. Neste difícil ano em que a jovem democracia brasileira enfrenta seu maior desafio desde que rompido o longo silêncio imposto pela ditadura militar, entendemos que, mais do que nunca, é hora de preservarmos e valorizarmos os espaços arduamente construídos para o exercício de participação na vida pública. Trabalhadores e usuários da saúde foram protagonistas importantes neste processo de abertura democrática do país que levou à construção do SUS entre outras políticas sociais. Trabalhadores e usuários da Saúde Mental foram fundamentais na denúncia das violações de direitos historicamente ocorridas nos manicômios e na proposição de uma sociedade comprometida com o cuidado em liberdade. Daí o chamado para um Mental Tchê da Resistência no ano em que o movimento brasileiro antimanicomial comemora seus 30 anos e o RS festeja 25 anos da Lei nº 9.716, que foi vanguarda e inspiradora da Lei Nacional da Reforma Psiquiátrica. Com o lema: “Ouvindo vozes, contando causos, rastilhando cidadania no mar de dentro” queremos reafirmar nossas lutas, nossos sonhos e nossas utopias, que não são um futuro distante, mas um presente cheio de desafios. A realização do Mental Tchê em São Lourenço do Sul é nosso compromisso como movimento social ao reconhecer a importância da cidade na Reforma Psiquiátrica brasileira. Desde 2005 usuários, trabalhadores, entidades, pesquisadores em todo mês de maio mobilizam esforços conjuntos como movimento social para garantir este evento que consideramos um patrimônio da sociedade lourenciana, gaúcha e brasileira. Queremos com esta carta aberta reafirmar a legitimidade do encontro marcado para sábado 27/05/17. Queremos compartilhar a expectativa de que nossos desejos de uma sociedade democrática e livre do flagelo manicomial esteja acima das diferenças pessoais, partidárias, teóricas ou quaisquer outras que possam dividir nossos esforços e dispersar nossas lutas em um momento tão delicado como este que vivemos no país. A valorização da diversidade e da autonomia é constitutiva do conceito ampliado de saúde gravado na Constituição de 88. O Mental Tchê, nesta versão organizado de forma autogestionária, é o exemplo vivo da potência do trabalho integrado e em rede. Queremos convidá-los a virem para as rodas de conversa, contar causos, soltar as muitas vozes que nos compõem e reafirmar, neste mar de dentro que há tantos anos nos acolhe, o quanto a liberdade é terapêutica! Na certeza do bom acolhimento aos visitantes, manifestamos nossa gratidão à cidade que tão bem nos acolheu em todos estes anos.
Militantes gaúchos da luta antimanicomial
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