No mês das celebrações ao Abril Indígena e na data que marca 30 dias da morte do cacique Merong Kamakã – importante liderança indígena e cujo corpo foi encontrado em sua casa, no Território Multiétnico Kamakã Mongoió, em Brumadinho/MG, região alvo de acirradas disputas por terra –, o Conselho Federal de Psicologia (CFP), por meio de sua Comissão de Direitos Humanos (CDH), destaca as importantes contribuições de Merong para a Psicologia e sua generosidade ao compartilhar suas experiências de resistência e saberes tradicionais.
Merong foi uma importante liderança do povo Kamakã Mongoió, etnia pertencente ao coletivo étnico dos Pataxó Hã Hã Hãe. Nascido em Contagem/MG, a liderança percorreu diversos estados brasileiros na luta junto ao movimento indígena, especialmente no Sul do país em apoio aos seus parentes Kaingang, Xokleng e Guarani.
“Ao longo de sua trajetória, colaborou para o reflorestamento da Psicologia, com a generosidade de compartilhar suas experiências de resistência e saberes tradicionais junto a estudantes e pesquisadoras/es da área. A liderança contribuiu para a formação de uma geração de profissionais e de psicólogas/os/es comprometida com a luta antirracista e com a defesa dos direitos dos povos originários”.
Desde a data do falecimento de Merong, a comunidade e apoiadoras/es se organizavam para realizar o sepultamento, ou como os povos indígenas nomeiam, o plantio do corpo da liderança no território. Contudo, foram surpreendidos por uma decisão judicial determinando o impedimento do sepultamento do corpo de Merong no Território Multiétnico Kamakã Mongoió.
“É devastador que os povos indígenas tenham que continuamente experienciar a morte de seus parentes, sejam por homicídio, negligência e/ou suicídio. A Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia reconhece que as circunstâncias, as condições precárias de vida em que são historicamente submetidos os povos indígenas, principalmente pela expulsão e negação do direito aos territórios sagrados, dimensão imprescindível da existência e saúde indígena, têm reverberações na saúde mental e nas possibilidades de bem viver desses povos, produzindo um cenário onde o auto-extermínio é também uma forma social de produção da morte não apenas de sujeitos, mas de culturas inteiras”, pontua a CDH.
Confira a íntegra da nota da Comissão de Direitos Humanos.
Fonte: Conselho Federal de Psicologia