O presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Humberto Verona, se reuniu na terça-feira (4/6), na sede do CFP, em Brasília, com 16 representantes da segurança privada e da Polícia Federal para discutir a avaliação psicológica para porte de armas na seleção de vigilantes. O intuito foi aprimorar critérios dos testes para atender e manter a qualidade ética e técnica do trabalho da (o) psicóloga (o), tornando o processo mais viável para empresas que atuam na formação desses profissionais e que prestam serviços na área de vigilância.
As entidades reconheceram a importância da avaliação psicológica, mas ressaltaram que é preciso diferenciar os testes para porte e arma comum e porte de arma funcional. “Quando o cidadão tira o porte, ele pode andar armado 24 horas por dia, o vigilante não”, observa o presidente da Associação Brasileira das Escolas de Formação, Francisco Cardoso.
O nível de escolaridade foi outro ponto levantado durante a reunião, já que a maior parte dos vigilantes possui apenas o ensino fundamental. Com base nesse cenário, os representantes da área de segurança sugerem que os testes psicológicos sejam adaptados a essa realidade.
De acordo com a Associação Brasileira dos Sindicatos e Entidades de Segurança Privada (Absesp), o Brasil conta com 600 mil profissionais na área de vigilância. “Teremos a evasão de pessoas para outros segmentos se não houver mudanças”, argumentou o presidente da entidade, José Adir Loiola.
Segundo Verona, o rigor técnico e ético da avaliação psicológica é inegociável dentro dos princípios do código de ética profissional. No entanto, ele sinalizou a possibilidade de aprimorar a discussão para rever, em parceria com a Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi), a tabela de referências de honorários.
“Também precisamos reavaliar as exigências feitas hoje para se chegar à elaboração de um laudo. É necessário rever as características que devem ser avaliadas dentro do perfil do vigilante, deixando a liberdade de escolha dos instrumentos para o psicólogo (a), trabalhando na perspectiva das características do trabalhador, analisando a consciência do profissional e sua responsabilidade. Desta forma, baixaremos os custos da avaliação psicológica”, disse o presidente do CFP, posicionando-se favoravelmente à manutenção de todas as outras requisições para a boa qualidade do profissional.
Durante a reunião, o CFP se posicionou favorável à alteração do artigo 5º, da Instrução Normativa da Política Federal nº 70/13, que trata da bateria de instrumentos de avaliação psicológica utilizados na aferição das características de personalidade e habilidades específicas dos usuários de arma de fogo e vigilantes. “Se for aplicada na íntegra, a atividade sofrerá um grande choque”, advertiu Wagner Jorge, da Datasafe, empresa especializada no assessoramento, auditoria, consultoria, bens e serviços às empresas do segmento segurança.
Com intuito de adaptar o processo de avaliação psicológica para porte de armas, a Polícia Federal adiantou que vai criar ainda no mês de junho um Grupo de Trabalho (GT), que contará com a participação do CFP nas discussões.
Fonte: www.cfp.org.br