Na quarta-feira, 24/09, as Comissões de Políticas Públicas e de Direitos Humanos promoveram reunião temática sobre o tema Racismo Institucional.
A Conselheira Zuleika iniciou a atividade falando sobre o Grupo de Trabalho sobre as Relações Raciais do Conselho Federal de Psicologia, que discute a resolução 18/2002, que estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação ao preconceito e à discriminação racial.
Vanessa Perini Moojen, assistente social no Centro de Atendimento ao Migrante (CAM) de Caxias do Sul, apresentou um histórico contextualizado dos recentes fluxos migratórios de ganeses, senegalenses e haitianos e falou sobre o funcionamento da entidade que acolhe e dá suporte aos imigrantes negros. A assistente social relatou como vivem esses imigrantes, suas dificuldades, processos de adaptação, as políticas públicas desenvolvidas para atendê-los e acolhimento pela comunidade.
Em seguida falaram Alisson Batista e Kyndze Rodrigues do Coletivo Negração.
Alysson explicou que enfrentar o racismo institucional é um grande desafio por ser um tipo de racismo menos explícito, pois está naturalizado, está no dia a dia e que passa indiferente às pessoas. Alysson contou que o coletivo surge em torno do racismo institucional enfrentado dentro da UFRGS pelos alunos negros e principalmente pelos cotistas. Para ele “o coletivo pretende servir como referência para esses alunos que se sentem como arquipélagos dentro da instituição”. Afirmou que os negros e o tema racismo ocupam espaços periféricos e de menos alcance dentro da universidade.
Kyndze ressaltou a importância do papel já ocupado pelo negro e, consequentemente, pelo coletivo dentro da universidade, um papel conquistado através de luta por muitos outros antes deles. O Negração desempenha um suporte de reconhecimento e visibilidade para que o negro se encontre naquele espaço. Para Kyndze, “são pouquíssimos autores negros estudados na universidade e não se reconhecer dentro do currículo da faculdade também é opressor”.
Kyndze falou também que cabe ao psicólogo questionar os espaços dedicados ao negro na sociedade, como, por exemplo, quão pouco se estuda especificidades do corpo do negro dentro da faculdade de medicina, ou o pouco espaço dado pela mídia à violência sofrida pelos negros.
Após, os demais participantes compartilharam suas impressões e reforçaram a importância desse espaço e de novas iniciativas que abordem a temática.