Na noite desta terça-feira, 22/11, comunidades indígenas dos Charruas, Guaranis e Caigangues participaram da Reunião Temática "Psicologia e Povos Indígenas - O protagonismo indígena na construção de Políticas Públicas no Rio Grande do Sul” promovido pela Comissão de Direitos Humanos e pela Comissão de Políticas Públicas do CRPRS.
O encontro abriu espaço para depoimentos de lideranças das comunidades indígenas de Porto Alegre. “Nosso objetivo é avaliar como o trabalho do psicólogo pode contribuir nas comunidades e estimular a participação indígena nas políticas públicas. Hoje iniciamos essa discussão que precisa ser permanente”, afirmou a Conselheira do CRPRS, psicóloga Bianca Stock. Os povos indígenas do Rio Grande do Sul estão construindo uma relação com a sociedade através da participação social na construção de políticas públicas que respeitem suas especificidades culturais.
O coordenador do núcleo de políticas indígenas da Prefeitura de Porto Alegre, Luiz Fagundes, destacou que trabalho que vem sendo feito pela prefeitura para adequar políticas públicas à cultura indígena.
Em seu depoimento, cacique Cirilo, da comunidade Guarani, apresentou algumas características diferenciadas das culturas indígenas. “Índios não pensam em tirar os brancos da cidade, só pedimos colaboração para que nossos direitos sejam garantidos. Não pensamos em propriedade privada, pensamos no que é nosso, dividimos tudo, essa é nossa cultura. Também não pensamos no futuro, no que vai acontecer daqui a cinco anos, pensamos somente no hoje”.
As falas indígenas reforçaram a luta dessas comunidades, que ainda são necessárias. “Se lutando já é difícil, imagina se não lutássemos”, falou a cacique da comunidade Charrua, Aurab. Para Ângela, jovem da comunidade Charrua, é necessário um olhar mais brando da sociedade quando se fala sobre indígenas. “Ainda tem muitos órgãos, entidades, que 'torcem o nariz' para o índio”, desabafou.
A necessidade de adequação à cultura dos brancos foi outro ponto comum nos depoimentos. “Nasci e me criei na aldeia e tínhamos medo do branco. A necessidade fez com que eu aprendesse a conviver com os brancos. Precisávamos comer, precisávamos de médico”.
O evento também contou com a participação de Claudemir Vaz, terapeuta ocupacional caigangue, que apresentou sua trajetória no controle social e sua contribuição para diversas aldeias.
O objetivo da reunião foi escutar e debater junto aos indígenas e seus apoiadores este cenário de construção de um presente para os povos indígenas, em que autonomia, cidadania e afirmação cultural andam juntas.