O CRPRS Convida abordou, na quarta-feira, às 19h, o tema Covid19: Atuação da Psicologia Escolar e Educacional na Escuta Docente, em live no seu Facebook. As/Os convidados, desta semana, foram as/ psicólogas/os Bianca Stock (CRP 07/15793), Taís Fim Albert (CRP 07/23602) e João Luis A. Weber (CRP 07/26601).
A psicóloga escolar Berenice M. da Rosa (CRP 07/22700), colaboradora da Comissão de Educação do CRPRS, com atuação em escola da rede privada de Porto Alegre e no Núcleo de Psicologia Escolar e Educacional da PUCRS, foi a mediadora da live. Para introduzir o debate questionou como está a saúde mental dos professores e quais são os trabalhos que estão sendo desenvolvidos pelas/os psicólogas/os escolares para escutar os docentes, neste momento de pandemia. Ela ressaltou que o objetivo comum das/os psicólogas/os escolares é de propor maior qualidade dos vínculos nos ambiente educacionais, ou seja, de auxiliar os professores a poderem compreender melhor a faixa etária com qual trabalham, fazer uma gestão de sala de aula que seja a partir da conexão, do protagonismo com o estudante e exercitar a escuta de si e do aluno.
A psicóloga Bianca Stock (CRP 07/15793), professora da Pós-Graduação em Educação Infantil da Unisinos, diretora da Vinculum Consultoria e Psicoterapia e colaboradora da Comissão de Educação do CRP, aponta que, diante da pandemia da Covid-19 e, consequentemente, da suspensão das aulas presenciais, muitas escolas deixaram a saúde mental dos alunos e professores de lado, adotando práticas conteudistas, por razão da preocupação em não conseguir passar todo o conteúdo, previsto para o ano letivo de 2020. "A escuta docente não é máquina, temos que entender que o conteúdo, agora, é a vida.", completa Bianca.
Bianca afirma, ainda, que o processo de escuta dos educadores da escola pública é diferente da privada. Há momentos em que os professores vão trazer questões de como construir a manutenção de vínculos com os estudantes e suas famílias. Como, por exemplo, o caso das docentes de uma escola municipal no bairro Restinga, em Porto Alegre, citada no debate, em que elas colocaram EPIs e foram para as ruas fazerem visitas domiciliares e ajudar na segurança alimentar de algumas famílias que estavam em situações de maior vulnerabilidade.
Em outros cenários, alguns professores relatam sentir ansiedade por não conseguirem controlar os alunos, nas aulas remotas. "É muito solitário ser professor em condição de isolamento social, porque os docentes acabam pensando que é só na aula deles que os alunos desligam a câmera e o microfone, durante as chamadas de vídeo, por exemplo.", lamenta.
A psicóloga Taís Fim Alberti (CRP 07/23602), professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e colaboradora do Núcleo de Educação da Subsede Centro-Oeste, explica que, perante a realidade das aulas remotas, não existe mais a questão da hierarquia, da disciplina, do controle e da coação que se institucionalizaram como forma de educação, durante a história do Brasil. "A situação está dando vazão para outros sentidos nesse processo de ensino e aprendizagem, como o de afeto, desde o nível básico até o superior. São essas relações interpessoais que vão dizer o sentido da gente se envolver, ou não, com o que está sendo proposto.”, ressalta Taís.
Para o psicólogo João Luís A. Weber (CRP 07/26601), docente do Centro Universitário da Serra Gaúcha e coordenador do Núcleo de Educação da Serra, o professor está tendo que lidar com sua ansiedade, com seu ambiente de casa que também precisa de cuidados e, ainda, conseguir ter uma prática docente que atenda todas as expectativas de cobrança dos estudantes e seus responsáveis. João salienta que o docente não foi treinado para passar por uma pandemia, como a Covid-19, e merece empatia.
Na tentativa de fazer uma Psicologia Escolar que fale sobre essas questões, estão sendo feitas escutas docentes, reuniões virtuais em que, com a ajuda das/os psicólogas/os, os educadores compartilham seus sentimentos, frustrações, estratégias de aula e, entre outras coisas, e buscam entender o lado dos alunos, neste momento. "Os professores têm muito claro a educação que desejam, mas, às vezes, falta compartilhar suas técnicas e exercitar o poder de escuta sobre o que o outro colega está vivendo.", conclui Bianca.