Cresce a cada dia a preocupação com os riscos do uso indiscriminado de telas por crianças e adolescentes sistematicamente expostas à internet, às redes sociais, aos aplicativos e dispositivos como celulares, desktops e videogames.
Atento a este desafio, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) está integrando um grupo de trabalho criado pelo Governo Federal para elaborar e disponibilizar à sociedade um “Guia para Uso Consciente de Telas e Dispositivos Digitais por Crianças e Adolescentes”.
O objetivo é que o conteúdo seja uma ferramenta de referência para lidar com a complexa relação entre a saúde e o bem-estar na infância e adolescência com o mundo digital – e tentar conter os danos causados por estes dispositivos eletrônicos, bem como os benefícios do uso consciente e educativo das telas para crianças e adolescentes em demandas específicas.
A primeira reunião do colegiado foi realizada na sexta-feira (5) com a participação de sete ministérios e de representantes de organizações da sociedade civil, academia e entidades com reconhecida atuação no tema – como o Conselho Federal de Psicologia.
“Não é difícil identificar o quanto a exposição sistemática de crianças e adolescentes às redes sociais e a dispositivos eletrônicos impacta essa população. É algo que se reflete nas relações familiares e sociais, no desempenho escolar, na saúde física e mental e que também tem sido observada no aumento de casos como ansiedade e depressão nesse grupo etário. Todos esses são temas que dialogam diretamente com a atuação das(os) profissionais da Psicologia – seja nos consultórios ou mesmo no contexto escolar”, destaca a representante do CFP no grupo de trabalho, conselheira Izabel Hazin.
Andamento dos trabalhos
Em sua primeira reunião, o colegiado discutiu o plano de trabalho do GT, que pretende contemplar processos de escuta de crianças e adolescentes, promover debates internos sobre estratégias e abordagens para o tema, além de realizar reuniões abertas com empresas e associações do segmento.
Para subsidiar o início das discussões de trabalho, o governo federal realizou, entre outubro de 2023 e janeiro deste ano, uma Consulta Pública que recebeu 602 contribuições sobre o uso de telas por crianças e adolescentes, com olhar para seus riscos, benefícios e desafios para a utilização da tecnologia de forma saudável e positiva.
No diagnóstico, pais, mães, familiares, responsáveis e educadores indicaram a necessidade de orientações robustas, baseadas em evidências, que os ajude a lidar de forma adequada com a nova realidade do uso intensivo de telas e dispositivos eletrônicos pela faixa etária.
Além da sociedade civil organizada, o projeto envolve a Secretaria de Comunicação Social e os ministérios da Saúde, dos Direitos Humanos e da Cidadania, da Educação, da Justiça e Segurança Pública e do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
Dados e orientações
Segundo o secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, João Brant, entre os anos de 2019 e 2022 houve um crescimento de 64% nas taxas de lesões autoprovocadas intencionalmente por crianças e adolescentes, como tentativas de suicídio, por exemplo – números que estariam relacionados ao uso de telas por esse segmento etário.
De acordo com o representante da Presidência da República, o “Guia para Uso Consciente de Telas e Dispositivos Digitais por Crianças e Adolescentes” deve contemplar a diversidade de famílias brasileiras, considerando não apenas o tempo de uso das telas, mas também a diferença dos tipos de uso.
“Essas orientações precisam ser equilibradas, ou seja, elas não podem ser uma regra que venha de cima pra baixo, elas precisam pensar nas diferentes realidades do País, elas precisam dar conta de oferecer informações e caminhos para as famílias, para os educadores e profissionais de saúde poderem atuar”, pontuou o secretário.
É o que também pontua a conselheira Izabel Hazin, ao destacar a participação da Psicologia nesse debate. “O CFP participa desse importante espaço de diálogo e construção atendendo ao que estabelece a legislação que designou ao CFP atuar como órgão consultivo em matéria de Psicologia. Na prática, o que se busca é assegurar o olhar dessa ciência e profissão a todos esses desafios que estão colocados”.
Fonte: Conselho Federal de Psicologia com informações da Agência Brasil