Nesta semana, o treinador da seleção brasileira de futebol, Dunga, declarou publicamente que dispensa o trabalho de Psicólogos no time. Durante um simpósio organizado pela CBF no dia 25 de abril (parte do evento “Somos Futebol”), Dunga disse que é inviável manter um Psicólogo na seleção, uma vez que não se poderia confiar na confidencialidade das informações, além de o profissional ser desnecessário, em suas palavras.
O Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR), órgão que tem por finalidade fiscalizar e orientar a profissão de Psicólogo, repudia tais declarações, que revelam o desconhecimento, por parte de Dunga, das funções da Psicologia. O CRP-PR se preocupa com a divulgação e crescimento da Psicologia aplicada ao esporte, zelando pelo nível ético, eficiência técnica e sentido social desta área de atuação do Psicólogo.
Assim, é essencial que a sociedade seja informada sobre a importância da atuação do Psicólogo do Esporte. O técnico Dunga, por meio de suas declarações, demonstra desconhecer a atividade exercida por este profissional e seu papel no trabalho efetivo com os jogadores. Nas suas colocações, coloca em dúvida o sigilo profissional, sem considerar o artigo 9 do Código de Ética da categoria, elaborado pelo Conselho Federal de Psicologia, que diz: “É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional, isto garantido em todas as áreas”.
Além disso, faz uma crítica ao trabalho dos profissionais da comissão técnica, incluindo o Psicólogo, acusando-os de “serem paternalistas e não tratar os atletas como deveriam ser tratados, de forma competitiva e como vencedores”. Com isso, Dunga confunde, mais uma vez, o papel do Psicólogo do Esporte, que não é o de ser paternalista e assumir-se como defensor das reclamações dos atletas e, sim, conhecer o contexto esportivo no qual trabalha, a modalidade e sua realidade, além de manter a empatia com os problemas dos que são atendidos (grupo, técnico, etc.).
O Psicólogo do Esporte é um profissional altamente qualificado, que passa por cursos e provas de especialização e, portanto, possui competências para auxiliar todos os envolvidos em atividades esportivas. Nas demais modalidades esportivas de alto rendimento, inclusive, a Psicologia já tem espaço garantido.
Pelo exposto, o CRP-PR acredita que a atitude profissional esperada do técnico da seleção brasileira – e de todos os envolvidos no esporte – seria a de respeitar todos os profissionais da Psicologia, buscando informações e o conhecimento sobre a Psicologia do Esporte e sua atuação neste contexto. Isto evitaria que fossem emitidas opiniões infundadas que prejudicam a imagem que a Psicologia tem perante a sociedade.