O Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRPRS), por meio da Subsede Sul, assina com outras entidades manifesto contra a abertura do comércio em Pelotas nesta semana. O documento foi produzido pelo Comitê Popular de Enfrentamento ao Coronavírus (COMPOVO), formado por entidades populares, movimentos sociais, sindicatos, igrejas, povo de terreiro, universidades, sindicatos de trabalhadores/as da educação e representações estudantis, frente à iminência da reabertura do comércio em Pelotas, nesta quinta-feira, 23/04, e do relaxamento do isolamento social. A conselheira Miriam Cristiane Alves é a representante do CRPRS no Comitê.
Para o COMPOVO, a ciência aponta que “o isolamento social é, talvez, a medida de maior impacto para conter a curva pandêmica”. O manifesto apresenta a opinião do professor Inácio Crochemore da Silva, mestre e doutor em Epidemiologia pela UFPEL: “Em países como o nosso, onde as condições de vida são precárias para grande parte da população, o isolamento vertical não é nem mesmo possível. Os idosos, por exemplos, coabitam, dividem cômodos, muitas vezes com outras pessoas que estariam vivendo normalmente nas ruas e em condições normais de transmissibilidade da doença. Nesse momento, me parece uma proposta de quem ou não conhece o povo e as condições de vida dele ou de quem não coloca a vida em primeiro lugar”. Pelotas possui hoje 67 leitos de UTI (dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES). Destes, 65 estão ocupados por pacientes com outras patologias. Segundo pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pelotas, recentemente divulgada em rede nacional de televisão, Pelotas necessitaria, a manter-se o distanciamento social, de 155 leitos de UTI. Relaxado o distanciamento, seriam necessários 255 leitos de UTI (primeiro modelo de pesquisa apresentado pela UFPel). Por essas razões, entre outras, o Comitê é radicalmente contrário à reabertura do comércio local neste momento.
No manifesto, as entidades exigem que o comércio não essencial mantenha suas portas fechadas; a ampla divulgação sobre a necessidade e garantia da continuidade do isolamento social; a garantia de condições para pleno funcionamento da área da saúde; o aumento de trabalhadores(as) na Área de Assistência Social e do investimento em produtos básicos de alimentação, higiene e limpeza para atender a população necessitada; a garantia de pagamento de aluguel social para as famílias que necessitarem de transferência da moradia ou, alternativamente, a disponibilização de locais para acolhimento gratuito até o final da pandemia; a continuidade da atuação do Comitê Científico Municipal, com a integração de dois novos representantes deste COMPOVO, para garantia da unidade da ciência em defesa da vida da maioria da população.
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