O CRPRS Convida de 19/08 discutiu a importância das ações do Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) no estado, principalmente, frente à pandemia da Covid-19. Mediada pelo psicólogo José Ricardo Kreutz (CRP 07/10343), integrante da Comissão de Comunicação do CRPRS e professor do curso de Psicologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), a live foi transmitida pelo Instagram do Conselho.
A conversa contou com a participação da psicóloga Carolina dos Reis (CRP 07/18399), conselheira vice-presidenta do CRPRS e conselheira de referência do CREPOP/RS. Ela explicou que o trabalho do CREPOP é produzir referências do trabalho das/os psicólogas/os nos espaços públicos, garantindo que a gestão Frente em Defesa da Psicologia RS consiga apresentar documentos com orientações e ações às/aos profissionais.
Há dois ciclos de pesquisa por ano, desde a construção da nota técnica, que é um material produzido pelo CREPOP Nacional, com orientações do processo de pesquisa, até o mapeamento dos serviços psicológicos públicos prestados em determinada cidade. O CREPOP/RS busca trabalhar com cidades a cima de 100 mil habitantes, onde são feitas ligações e conversas com os profissionais desses lugares para que o Conselho identifique suas realidades de trabalho. “Quando a gente identifica a demanda, a gente consegue agir.”, acrescenta Carolina.
Criado em 2006, o CREPOP, na época, convocava a categoria para estar dentro do campo das politicas públicas, nos mais diversos espaços, como, por exemplo, no sistema prisional, na segurança publica e na assistência social. De acordo com a convidada, a Psicologia não explorava esses espaços públicos, tampouco as universidades falavam sobre as diversas atuações que uma/um psicóloga/o pode exercer no âmbito. “Hoje, o espaço público é um dos principais espaços de atuação da Psicologia.”, explica a conselheira.
Com isso, a Psicologia começa a aproximar-se de públicos de grandes diferenças culturais e percebe que precisa compreender os processos sociais para realizar um trabalho de qualidade, como, por exemplo, a necessidade de ter consciência de classe e entender a questão do racismo estrutural. “No começo do nosso trabalho nas políticas públicas, acabávamos por trazer a mesma forma de abordagem profissional da clínica particular para o serviço público, gerando, muitas vezes, efeitos ruins, ao invés de produzir cuidado, acabávamos reproduzindo violência e sofrimento. Por isso nos demos conta de que a Psicologia precisava se reinventar, perguntar coisas que até então ela não se perguntava.”
Durante a conversa, Carolina trouxe, ainda, o exemplo de psicólogas/os que começaram a atender na Assistência Social, onde a população periférica é majoritariamente negra, e não se questionavam sobre como o racismo e suas vivências influenciam na produção de subjetividade. “O CREPOP vem como uma estratégia do Sistema Conselhos de produzir conhecimentos e marcos sobre o serviço da categoria no sistema público. Ele não busca só dizer o que fazer, mas sim como construir uma Psicologia que defenda a diversidade sexual de gênero, que seja antirracista e etc.”, salienta.
Para José Ricardo, o CREPOP ajuda a desconstruir a imagem da Psicologia como algo voltado apenas para a clínica e lembra que há uma serie de outros campos de atuação que são fundamentais.
A/O trabalhadora/or que está na linha de frente da pandemia é a principal preocupação do CRPRS, atualmente, e, para Carolina, fortalecer o profissional que atende populações mais precarizadas é também garantir direitos a essas populações. “Queremos dizer para a categoria que a gente está aqui, à disposição para qualificá-la e lidar com as situações colocadas no cotidiano.”
A live marcou, também, o retorno da seção CREPOP na revista do CRPRS Entrelinhas. Clique aqui para acessar a nova edição.
Devido a problemas de internet, Rodrigo Isoppo, assessor técnico de Políticas Públicas do CREPOP/RS, convidado que participaria da discussão, não conseguiu se conectar à live.
Confira a live na íntegra: