Na noite de quarta-feira, 03/06, às 19h, o CRPRS Convida trouxe o tema Psicologia no Sistema Prisional, em live realizada em sua conta do Facebook. Para o debate, foram convidadas as psicólogas Mônica Pereira da Cunha e Rosane Wojciechowska Lucena, ambas com experiência na SEAPEN/SUSEPE - RS.
Mediada pela conselheira do CRPRS Maynar Patricia Vorga Leite (CRP 07/18.812), mestre em Psicologia Social e Institucional, especialista em Educação Permanente em Saúde, Técnica Superior Penitenciária-Psicóloga na Secretaria da Administração Penitenciária do Rio Grande do Sul e que, atualmente, trabalha no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, a discussão iniciou-se com o objetivo de compreender o trabalho de uma/um psicóloga/o nos ambientes prisionais.
Durante sua fala, Maynar explicou que as Unidades Básicas de Saúde Prisional são um dispositivo do SUS, criadas em 2014. Mas lamentou, ainda, que nem todas contam com equipes de saúde mental. “O trabalho da/o psicólogo dentro do sistema prisional é intersetorial. A gente atente o sujeito que está ali na nossa frente, sua família e, muitas vezes, fazemos uma interlocução com outras redes de políticas públicas para oferecer maiores possibilidades ao presidiário. A/o profissional deixa de ser aquela/aquele que vigia para ser a/o que acolhe.”, completa Maynar.
Para Mônica Pereira da Cunha (CRP 07/21.098), psicóloga graduada pela Universidade Católica de Pelotas, Técnica Superior Penitenciário/Psicóloga na Secretaria da Administração Penitenciária do Rio Grande do Sul, e, atualmente, lotada na Penitenciária Estadual de Rio Grande, a atuação da/a psicóloga/o dentro do sistema prisional é muito complexa e merece visibilidade. Ela explica que, como é um espaço de vulnerabilidade social, a crise já faz parte do cotidiano. Seguir as orientações das autoridades de saúde, por exemplo, é muito difícil em lugares onde problemas de superlotação são comuns. “É um desafio encontrar maneiras de dizer para os presidiários manter suas condições mínimas de higiene, sendo que o espaço não permite isso.”, ressalta Mônica.
A situação da pandemia do Covid19 é uma questão frustrante para os presos. De acordo com a convidada Rosane Wojciechowska Lucena (CRP 07/18.654), psicóloga graduada pela Unisinos e atuante na Penitenciária Modulada Estadual de Montenegro Jair Fiorin, as/os psicólogas/os estão trabalhando com uma redução de danos. Em razão do vírus, é recomendado que as consultas sejam feitas em locais arejados, de portas abertas. O que, segundo as psicólogas, interfere no sigilo dos casos. Também está suspenso as visitas nas cadeias, interrompendo, muitas vezes, a leva de mantimentos que as famílias trazem para os presos, como materiais de higiene e outras comidas.
Além disso, Rosane lembra o dilema do decreto da Portaria da Vara de Execuções Criminais (Vec), onde alguns presidiários que tivessem em situação de risco para Covid19 (tuberculose, diabetes, hipertensão e etc.) fossem direcionados para prisão domiciliar. Porém, muitos não tem casa e evitando que fossem direto para as ruas, as/os psicólogas/os estão tendo que conversar com o Centro de Referência de Assistente Social (Cras). “Nosso trabalho é em conjunto com os assistentes sociais.”, afirma Rosane.
No decorrer da live, as convidadas expuseram, também, algumas ações que estão sendo feitas no momento, como triagens remotas específicas para saúde mental, encaminhamentos, monitoramento do uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como máscaras, e adaptações de manuais de como proteger sua saúde mental durante a crise do coronavírus para os presos.
Assista à live na íntegra: