Com o objetivo de promover o debate sobre o atual papel do psicólogo do trânsito, o Conselho Regional de Psicologia promoveu na sexta-feira, 27/07, o “Seminário Psicologia do Trânsito em Trânsito pelo Brasil”. A iniciativa reuniu dezenas de profissionais e estudantes no auditório do CRPRS.
O palestrante Fábio de Cristo, fundador do Portal de Psicologia do Trânsito e coordenador da Rede Latino-Americana de Psicologia do Trânsito, destacou em sua apresentação que os psicólogos devem pensar em sua atuação muito além da avaliação psicológica. “Práticas inovadoras são necessárias para o atual contexto do trânsito. Precisamos buscar outros paradigmas para ajudar a mudar a realidade marcada por comportamentos de risco. O psicólogo precisa perceber e analisar o trânsito como um todo, ampliando sua atuação. Historicamente o psicólogo se dedicou ao motorista, hoje é preciso pensar em todas as pessoas que formam o transito”, afirmou. Segundo Fábio, 76,7% dos psicólogos do trânsito no Brasil atuam na área da avaliação psicológica. “Somente uma minoria está exercendo esse papel mais amplo que passou a ser exigido do profissional ao longo dos anos com o excesso de veículos automotores pelas ruas e o crescente número de acidentes”, destacou.
Alessandra Sant'Anna Bianchi, doutora em Psicologia pela Universidade de Barcelona e com atuação na área de Psicologia do Trânsito com ênfase em saúde coletiva, fez, em sua apresentação, uma retrospectiva histórica da avaliação psicológica. Para ela, o psicólogo pode influenciar o comportamento dos usuários das vias e esse espaço de atuação, que começa a ser explorado. “Somente nos últimos anos, passamos a pensar em novas práticas que deem conta de ações para segurança do trânsito”.
O coordenador técnico do CRPRS, assessor da Comissão de Psicologia do Trânsito e Mobilidade Humana, destacou em sua fala o trabalho que vem sendo desenvolvido pela Comissão e os avanços conquistados com a participação de diferentes entidades que exercem influência nas políticas de mobilidade humana. Já Aurinez Schmitz, especialista em Psicologia do Trânsito que também integra a Comissão do CRPRS, apresentou números que mostram por que o trânsito precisa ser pensado como uma politica pública e falou sobre pesquisas realizadas na área relacionando o consumo de álcool e outras drogas e o perfil dos envolvidos em acidentes de trânsito.
Apresentação de Trabalhos
Na parte da tarde, houve espaço para apresentação de trabalhos inscritos no Seminário. O trabalho eleito pelos participantes do evento para representar o Rio Grande do Sul na 2ª Mostra Nacional de Práticas em Psicologia foi “Análise de dados de acidentes realizado por uma equipe interdisciplinar no município de Guaíba” de autoria da psicóloga Paula Silveira.
Carta de Intenções
O Seminário encerrou com a construção de Carta de Intenções com encaminhamentos de psicólogos aos órgãos responsáveis na área de mobilidade e trânsito. Em 30 de agosto, o Conselho Federal de Psicologia promoverá um debate online com a entrega de um relatório final ao Conselho Nacional de Trânsito (Contran), Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Ministério das Cidades, Ministério da Saúde, Ministério da Justiça e outras autoridades responsáveis.