No dia 25/3, as comissões de Direitos Humanos e de Políticas Públicas do CRPRS promoveram debate sobre gênero e produção de subjetividade. Participaram da roda de conversa psicólogas, ativistas feministas, estudantes e demais integrantes da sociedade civil.
Joanna Burigo, que é mestre em Gênero e Mídia pela London School of Economics and Political Science, questionou o que os participantes entendiam quando se fala em gênero. A convidada afirmou que a discussão sobre gênero é importante para questionar a estabilidade dos conceitos do que é masculino e feminino socialmente.
A psicóloga Daniela Dell'Aglio seguiu a conversa, afirmando que as questões de gênero vêm atravessadas com outros marcadores, como etnia e condição social. Daniela introduziu o feminismo à discussão e explicou como as diversas ondas do movimento surgiram. Ela também destacou o perigo de se “produzir microfascismos quando se tenta impor uma unidade de ser mulher, um estereótipo”.
A exclusão das mulheres transexuais do feminismo foi tema da fala de Maíra Taborda, psicóloga do Grupo G8 – Generalizando: Direitos Sexuais e de Gênero, do SAJU/UFRGS. Maíra destacou que, quando uma transexual é excluída do movimento feminista por outra mulher, a trans fica mais à margem da sociedade. A patologização da transexualidade também foi criticada: “Ela é apenas uma categoria no CID (Classificação Internacional de Doenças), passa dois anos em uma fila de espera, com pessoas questionando se quer ser o que ela é”.
Sophia Starosta, ativista feminista pelos direitos das pessoas trans, apontou as consequências práticas da transexualidade. “As mulheres trans estão mais expostas à violência porque, por exemplo, estão fora do mercado de trabalho. Muitas vezes, acabam sendo presas por estar em um meio marginal”, ressaltou. Para Sophia, “ninguém quer se tornar algo, a transexualidade se dá a partir da aceitação de uma realidade do que já é”.
Maria do Carmo Bittencourt, feminista e militante da Marcha Mundial das Mulheres, frisou a importância de se discutir políticas públicas para as mulheres sob o ponto de vista da desigualdade e não da diferença. De acordo com Maria do Carmo, é necessário olhar para a história e ver como essas desigualdades foram construídas. Ainda, afirmou que, para executar as políticas públicas, não se pode pensar a subjetividade “tão subjetivamente” de forma que as iniciativas não cheguem às pessoas no dia a dia.
As conselheiras Caroline Martini Pereira e Cristiane Bens Pegoraro convidaram todos a participar do evento Ressonâncias da violência de Estado na contemporaneidade, que será realizado na sede do CRPRS, dia 1º/04, às 19h. Saiba mais sobre o evento clicando aqui.