No Dia do/a Psicólogo/a, o CRPRS promoveu em seu auditório, na sede em Porto Alegre, a atividade #meufazerpsi – Entre o compartilhar e o cuidado, que debateu Psicoterapia e Relações Raciais discutiu sobre a subjetividade negra e o cuidado em saúde mental. A conselheira Caroline Martini Kraid Pereira, presidente da Comissão de Direitos Humanos, e a coordenadora do Núcleo de Relações Raciais, Eliana Xavier, foram as responsáveis por mediar o debate, que contou com a participação da mestre em saúde coletiva Silvia Ramão e da psicóloga Silvia Edith Marques.
Silvia Ramão propôs refletir sobre o que significa, hoje, ser uma pessoa negra no Brasil, e, além disso, qual o significado de ser uma mulher negra. Ela apresentou dados referentes à escolaridade, posições de trabalho e atendimento em saúde a essa população, mostrando que não são iguais aos de pessoas não negras. Ela falou ainda sobre o protagonismo do povo negro e afirmou que sempre houve resistência desde a escravidão, quando buscou-se fazer o cuidado e acolher as pessoas. Silvia sugeriu a realização de ações afirmativas como alternativas para se construir referências positivas, como o processo de tomada de consciência e de compartilhamento de experiências. Uma das maiores consequências do racismo, lamentou, é que ele "autoriza as pessoas a desconfiar e a desautorizar as pessoas negras”, apontou.
Uma das bases do/a profissional de psicologia foi destacada por Silvia Edith Marques: o compromisso com a defesa dos Direitos Humanos. Para Silvia, é necessário entender que existe racismo no país e guiar o exercício profissional com equidade. Ela ainda ressaltou a importância de normas de atuação para psicólogos em relação ao preconceito e à discriminação racial, como a Resolução CFP nº 018/2002.
A coordenadora do Núcleo de Relações Raciais, Eliana Xavier, destacou a importância de o/a profissional ter uma escuta qualificada em relação às pessoas negras. “Na minha época, eu não conseguia parar muito tempo com uma terapeuta, porque ela não conseguia devolver, fazer uma escuta qualificada”, criticou Eliana. Ela alertou ainda que não escutar o racismo é um problema muito sério, por ferir o código de ética dos/as profissionais de Psicologia.
A existência do núcleo foi elogiada pelos participantes do evento, por possibilitar um espaço exclusivo a pensar a subjetividade das pessoas negras. A conselheira Caroline fez referência à formação acadêmica dos/as psicólogos, da necessidade de se debruçar sobre temas da população negra ainda na graduação. “Como estão sendo formados os colegas psicólogos? Como escutamos questões de racismo? Dizendo que é paranoia, exagero?”, questionou.
Psicólogos/as debatem o filme “Dromedário no Asfalto”
Na tarde do dia 27/08, psicólogo/as se reuniram na sede do CRPRS para assistir e debater o longa-metragem “Dromedário no Asfalto”. O filme mostra a jornada de Pedro pelas paisagens platinas, rumo ao encontro com seu pai. Depois de perder a mãe, Pedro se sente devastado e determinado a conhecer a identidade de seu pai. A única informação que ele tem é que o homem partiu para o Uruguai para viver recluso. Assim, resolve ele mesmo partir em uma jornada de autoconhecimento, caminhando por cidades do Brasil, até cruzar a fronteira do país vizinho, Uruguai, a fim de encontrar a pessoa que lhe deu os traços marcantes de uma mente reflexiva e emotiva.
O debate contou com a presença do diretor do filme, Gilson Vargas, do ator Marcos Contreras, que interpreta o personagem Pedro, e do psicólogo Luis Artur Costa, que atua nas áreas da Psicologia, Filosofia e Artes. A discussão foi mediada pela conselheira Zuleika Köhler Gonzales.
Gilson Vargas destacou o modo como o filme foi sendo construído, em um processo de construção e desconstrução muito livre, respeitando o tempo do ator e se permitindo acrescentar falas e cenas ao longo do processo. “A dificuldade foi dar por encerrado o processo, ou seja, terminar o filme. Pegávamos a estrada para filmar, retornávamos, montávamos o filme, assistíamos ao longo e novas ideias surgiam”, explicou.
O ator Marcos Contreras falou sobre sua identificação com a história do personagem e como os momentos de silêncio do filme proporcionaram uma reflexão sobre sua própria vida e como isso influenciou no ritmo da trama.
Para Luis Artur Costa essa questão do tempo pode ser analisada por diferentes perspectivas da Psicologia. “O tempo do filme não está atrelado ao tempo de deslocamento do personagem, o que permite refletir sobre o tempo cronos e tempo de experiência”. Para Luis Artur, o filme, assim como nossa vida, foi constituído em um plano de composição, em que há a trama de diferentes fragmentos e relações, diferentemente de um plano de coordenadas.
O filme “Dromedário no Asfalto” está em cartaz em cinemas de Porto Alegre. Mais informações em www.dromedarionoasfalto.com.br.
Lançamentos e homenagens
O novo site do CRPRS e a revista ConTextos Psi foram lançados oficialmente pelo CRPRS no Dia do/a Psicólogo/a.
A conselheira Caroline Martini Kraid Pereira, presidente da Comissão de Comunicação do CRPRS, apresentou novas funcionalidades do site www.crprs.org.br, destacando que melhorias ainda estão sendo implementadas com o objetivo de facilitar o acesso da categoria aos diferentes serviços e atividades.
A revista ConTextos Psi foi apresentada pela conselheira Renata Kroeff. A proposta é publicar, semestralmente, artigos relativos à atuação/formação profissional do psicólogo bem como manuscritos de reflexão crítica sobre a produção de conhecimento na área e sobre os modos de inserção da Psicologia na sociedade contemporânea. Diretrizes para submissão de artigos e outras informações podem ser obtidas em www.crprs.org.br/contextospsi.
Logo após esses lançamentos, os conselheiros Mariana Allgayer e Anderson Comin, representantes da Diretoria, homenagearam os funcionários do CRPRS que completaram, em 2015, 10 anos de casa. A psicóloga fiscal Letícia Giannechini, atual coordenadora da Área Técnica, o funcionário Álvaro Gastal, assessor de TI, e a funcionária Célia Vitt, assistente administrativa da Área Técnica, foram homenageados.