A presidenta da Comissão de Relações Étnico-Raciais do CRPRS, Roberta da Silva Gomes, participou, na noite de quinta-feira, 18/11, de uma aula on-line da disciplina de “Saúde Comunitária e Saúde Mental” do curso de Psicologia da Faculdade São Francisco de Assis (FSFA), de Porto Alegre, para falar acerca do tema “Saúde mental da população negra”. “Falei com as/os alunas/os sobre como a saúde mental da população negra é impactada pelo racismo. Tinham algumas graduandas negras que expuseram suas realidades. Elas trouxeram como é difícil ser uma mulher negra dentro da academia”, explica Roberta ao lembrar que o curso de Psicologia ainda é muito eurocentrado, em suas teorias.
Durante a discussão, Roberta apresentou um material sobre o tema, contextualizando historicamente o racismo no Brasil e apresentou alguns dados atuais, como, por exemplo, o de que a cada 10 jovens que tiram sua própria vida no Brasil, 6 são negros. “A branquitude tem uma influência direta no sofrimento psíquico que as pessoas pretas podem vir a sofrer. Os privilégios e vantagens dos brancos não são questionados, mas sim naturalizados a partir de duas ideologias principais: mito da democracia racial e o da meritocracia.”
Para a conselheira, as lutas antirracistas precisam também debater o campo da saúde mental. E a saúde mental, por sua vez, entender que lutar é uma forma de cuidado. “É necessário haver uma mudança na perspectiva de tratamento e entendimento do racismo como parte do sofrimento psíquico”, falou Roberta às/aos futuras/os psicólogas/os. “O racismo não precisa ser tratado, ele precisa ser combatido”, defendeu a conselheira ao lembrar que sofrimentos causados pelo racismo devem ser vistos como um problema social.