Considerando seu compromisso com a defesa dos direitos humanos, o cuidado em liberdade, e ainda sua defesa pública contra a qualquer forma de exclusão e violência institucional, o Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul manifesta seu apoio à proposição do PL 236/2015 que trata da instituição da Parada Gaúcha do Orgulho Louco, a ser celebrada, em nível estadual, em caráter anual.
A V Parada do Orgulho Louco, realizada, neste ano, dias 22, 23 e 24 de outubro, em Alegrete, é marca do movimento da Reforma Psiquiátrica no estado e promove a cultura antimanicomial, através da comunidade local e estadual que participam de várias atividades culturais e técnicas na área da saúde mental, para além da caminhada tradicional do evento. Assim como os propositores do projeto, o CRPRS entende que a Reforma Psiquiátrica não se restringe à modificação das ofertas dos serviços de saúde, mas se estende às áreas da cultura, do trabalho, do lazer entre outras, no cuidado de usuários e seus familiares. O objetivo do movimento da reforma antimanicomial é produzir uma reformulação no modo como a sociedade brasileira se posiciona frente às pessoas em sofrimento psíquico grave.
No II Congresso Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental, realizado na cidade de Bauru/SP,em 1987, foi pautada, enfaticamente, a dimensão sociocultural do movimento de mudança do modelo de atenção aos usuários da saúde mental. A máxima, “Por Uma Sociedade Sem Manicômios” foi instituída, bem como o estabelecimento do dia 18 de maio como o "Dia Nacional de Luta Antimanicomial". Estes foram marcos que tem servido para a construção de um novo lugar social para a loucura, por meio da transformação do seu imaginário e de suas relações com a sociedade. Entendemos que a Parada Gaúcha do Orgulho Louco é um evento importante para a construção efetiva de uma sociedade acolhedora para com aqueles que se encontram mais distantes das normatividades vigentes.
Para o CRPRS, as pessoas em sofrimento psíquico devem ser cuidadas em liberdade, a partir do convívio com a família, amigos e comunidade, por meio de uma rede serviços complementares e territoriais que garantam uma atenção humanizada e promovam a cidadania, conforme a Política Nacional de Saúde Mental e as Diretrizes da Organização Mundial da Saúde. Deste modo, eventos que possibilitem a participação dos usuários dos serviços de saúde mental, trabalhadores, familiares, amigos e comunidade, são dispositivos potentes para o cuidado e acolhimento da diferença. Nesses espaços, é possível promover o reconhecimento das pessoas em sofrimento psíquico como protagonistas na sociedade e produtoras de diferentes modos de viver. É a possibilidade de operar, através da participação de todos, a desconstrução de preconceitos e estigmas, promovendo direitos e enfrentando o enclausuramento.