Entre os dias 01 e 04/11, delegação do CRPRS participou do 22º Encontro Nacional da ABRAPSO – a Associação Brasileira de Psicologia Social, realizado na Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói/RJ.
A conselheira presidenta do CRPRS, Míriam Cristiane Alves, e o conselheiro vice-presidente, Ademiel de Sant'Anna Júnior, coordenaram o GT “Epistemologias, Metodologias e Tecnologias Ancestrais Amefricanas: Sambando Psicologias Sociais brasileiras em gira”. O conselheiro secretário do CRPRS, Luís Henrique da Silva Souza, integrou a coordenação do GT “Reinventando a Clínica, produzindo saúde: desestabilizando saberes e fazeres da Psicologia”. A conselheira Priscila Góre Emílio participou do Simpósio “Psicologia Social, Promoção de Saúde e Enfrentamento de iniquidades” e o conselheiro Rafael Antônio Carneiro, do GT “Psicologia Social, Deficiência e Anticapacitismo: desafios ético-políticos para a emancipação social”.
Apoiado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), o evento buscou, além de visibilizar os principais desafios no campo da Psicologia Social, promover o intercâmbio de experiências em suas interfaces com a produção acadêmica, os movimentos sociais e a gestão pública, favorecendo a construção de conhecimentos críticos e a proposição de políticas para superação dos problemas sociais vivenciados no país.
Durante a solenidade de abertura, o presidente do CFP, Pedro Paulo Bicalho, ressaltou que, diferentemente do cenário de 1980, quando a ABRAPSO foi criada, hoje o Brasil conta com diversas políticas setoriais estruturantes, como o Sistema Único de Saúde (SUS), o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e, ainda, a Lei da Reforma Psiquiátrica (Lei nº 10.216/2001) como diretriz orientadora da saúde mental no Brasil. Entretanto, apesar desses avanços, os frequentes ataques e tentativas de desmonte das políticas públicas ensejam que as instituições da Psicologia permaneçam alertas e mobilizadas contra os retrocessos.
“Mas nós também precisamos falar de resistência”, frisou o presidente do CFP ao destacar que nos territórios marcados pela violência que afeta sobremaneira segmentos sociais vulnerabilizados, as inúmeras manifestações artísticas mantêm viva a memória histórica e o legado de lutas em defesa da democracia. “Os territórios de resistência aqui no Rio de Janeiro são aqueles em que a lei penal sempre chegou primeiro. Exatamente territórios em que a necropolítica não é só um conceito. Aqui, a necropolítica é real. Ela produz mortes. Mas nesses territórios onde o direito penal chega primeiro também se produz muita cultura”, ressaltou Pedro Paulo.
Na ocasião, Hildeberto Vieira Martins, presidente da ABRAPSO, ponderou o papel das entidades nacionais da Psicologia em refletir sobre os desafios persistentes no campo da Psicologia Social e a importância de se construir uma atuação capaz de superar essas questões: “não é só a ABRAPSO, somos todos nós que, de alguma forma, podemos, de fato, pensar, refletir e transformar a realidade social brasileira”.
A queda do céu
A abertura oficial do 22º ENABRAPSO também contou com a palestra magna “A ‘queda do céu’: implicações da Psicologia Social”. Mediado pela psicóloga Céu Cavalcanti – presidenta do CRP-RJ e integrante da atual diretoria nacional da ABRAPSO –, o diálogo contou com a participação de Vanessa Terena, indigena psicóloga e coordenadora do Núcleo de Saúde Indígena do CRP-MS; e Casé Angatu, indígena morador no Território Tupinambá em Olivença (Ilhéus/BA) com Pós-Doutorado em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP).
No debate, as/os conferencistas chamaram a atenção para as inúmeras violações de direitos e violências que acometem os povos indígenas, ressaltando que as pluralidades inerentes a essas populações não são alcançadas em sua complexidade pelas políticas públicas.
“Quando a gente fala de futuro, tem que olhar para o passado” afirmou Vanessa Terena. Na mesma direção, Casé Angatu destacou: “não temos rancor, mas possuímos memória”.
ENABRAPSO
O Encontro Nacional da Associação Brasileira de Psicologia Social (ENABRAPSO) tem se consolidado ao longo dos anos como um estratégico espaço de troca de experiências entre profissionais, pesquisadoras/es e estudantes de Psicologia. Em sua 22ª edição, a iniciativa buscou, entre outros objetivos, potencializar e dar visibilidade à produção de psicólogas/os indígenas, além de fomentar o compartilhamento de conhecimentos e experiências construídos por movimentos da Psicologia que atuam junto a povos originários e tradicionais.
Durante esse processo, a participação de estudantes na organização (desde os núcleos regionais) e ao longo do evento (atuação nas monitorias) foi fundamental para enriquecer o encontro, mostrando-se relevantes atores em defesa do fortalecimento da ABRAPSO e cientes dos desafios persistentes, como a questão da acessibilidade.
Informações e foto: Conselho Federal de Psicologia