O CRPRS promoveu, na noite de segunda-feira, 29/11, às 19h30, o evento on-line "Sarau Psicopreto: Cultura e Existência" para marcar o Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20/11, e o consecutivo Novembro Negro. Organizada pela Comissão de Relações Étnico-Raciais do Conselho, a atividade tinha como objetivo mostrar, através da arte, a importância de as/os psicólogas/os conhecerem a cultura afro-brasileira para construir uma atuação profissional mais diversa e inclusiva.
Durante o evento, todas/os as/os participantes inscritas/os puderam abrir seus microfones e compartilhar poesias, músicas e/ou outras intervenções artísticas sobre a cultura negra. “Com quase dois anos de pandemia, a gente pensou em realizar uma atividade que trouxesse um pouco de arte e leveza”, explicou a presidenta da Comissão, Roberta da Silva Gomes, ao lembrar que o momento ainda é de muita tristeza, considerando as 614 mil mortes por Covid-19 no país e, principalmente, que a população preta é a que mais sofre, atualmente, com desigualdades e violências.
Para dar início ao sarau, a conselheira Roberta trouxe o poema ‘Ainda sim, eu me levanto’, de Maya Angelou, que fala sobre a força e coragem do povo preto para seguir resistindo, apesar de todo o racismo estrutural.
A atividade contou, também, com a fala da psicóloga Andressa Amaral de Moraes (CRP 07/32544), psicanalista em formação (Organização Nacional de Psicanalistas/Terapretas, RJ), sócia-fundadora do Instituto Estrela Preta e pesquisadora dos processos de subjetivação a partir do nome próprio e da Psicologia Preta/Africana. Na ocasião, ela estava presente como facilitadora convidada, responsável por mediar as apresentações artísticas entre as/os participantes.
No decorrer de sua participação, Andressa abordou questões sobre o silenciamento da identidade negra ao ler um trecho do texto “Linguagem e ação”, de Audre Lorde. Para ela, o sarau teve um importante papel como expositor de representações artísticas que se diferem dos estilos tradicionais românticos e eurocêntricos. “São poesias que passam pela nossa própria experiência como pessoa negra no Brasil.”
O convidado Ademiel de Sant'Anna Junior (CRP 07/22834), músico, poeta e psicólogo, integrante do grupo de pesquisas SuL: Subjetividades Locais e políticas da descolonialidade (UFRGS) e do Núcleo de estudos e pesquisas E'léékò - Agenciamentos epistêmicos descoloniais (UFPel-UFRGS), trouxe, ainda, uma emocionante poesia escrita por ele, chamada “Você pode me escutar?” A obra reflete sobre toda a violência que o povo preto sofre do estado, atualmente, e traz exemplos marcantes da opressão racial no país, como, por exemplo, quando o exército disparou 80 tiros em um carro de uma família preta no Rio de Janeiro, em 2019, o assassinato de Marielle Franco, em 2018, e o caso Ágatha Felix, menina negra de 8 anos que foi morta por um tiro de fuzil efetuado pela Polícia Militar, no Complexo do Alemão, em 2019.
Assista ao sarau na íntegra: