Na quinta-feira, 27/07, o CRPRS promoveu a roda de conversa “De existências insubmissas a poéticas dos encontros: o que nós, mulheres negras, temos a dizer?”. A atividade teve como objetivo evidenciar a importância de Tereza de Benguela para a Psicologia e o marco histórico dela e do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
O encontro foi promovido pela Comissão de Relações Étnico-Raciais e pela Comissão de Direitos Humanos e contou com a participação da psicóloga Maria Luísa Pereira de Oliveira (CRP 07/04234) e da assessora parlamentar da deputada estadual Laura Sito, Márcia Fernandes, como convidadas. A psicóloga Gláucia Maria Dias Fontoura (CRP 07/15376) foi a mediadora.
Na abertura, a conselheira presidenta do CRPRS, Míriam Cristiane Alves, e as conselheiras Camila Dutra dos Santos, presidenta da Comissão de Relações Étnico-Raciais, e Samantha Medeiros Ferreira, presidenta da Comissão de Direitos Humanos deram boas-vindas às/aos presentes ressaltando a importância da data. O vice-presidente do CRPRS, Ademiel de Sant'Anna Junior, acompanhado de mulheres negras, recitou trecho do livro de Lélia Gonzalez “Cumé que a gente fica?”, falando sobre racismo e sexismo na cultura brasileira em 1984. “Percebam quantas semelhanças existem, quantas nuances desses lugares em que a branquitude nos coloca: no cantinho, ocupando o menor espaço possível. Fale menos, fale baixo, não fale, não se mexa, não proponha coisas, não esteja aqui; de preferência, esteja quietinho, sem se mover muito. É desse lugar que ela critica e fala sobre nossa posição, viva e ativa em todos os espaços que ocupamos. Agora chegamos aqui para ocupar este espaço, para estar aqui hoje com toda a força possível”.
Márcia Fernandes, em sua fala, resgatou a importância da bancada negra da Assembleia Legislativa do Estado e questionou o lugar de submissão imposto por algumas pessoas às mulheres negras. “Temos que ocupar os espaços com muita resistência e luta. Temos que estar sempre provando que também somos capazes. O fato de ser mulher já é uma dificuldade que faz as pessoas nos verem como frágeis, mas, na realidade, não somos nada frágeis. Nós somos, sim, muito fortes, as mulheres que vieram antes de nós também passaram por essa luta e nos passaram esse bastão. Nós aqui enfrentamos e continuamos com esse propósito, com essa luta e com essa força”.
A psicóloga Maria Luísa Pereira de Oliveira destacou a pluralidade das mulheres negras, com suas infinitas singularidades, e fez uma breve contextualização sobre o dia 25 de julho, lendo texto autoral inspirado nas palavras de outras mulheres que a antecederam e permitiram que chegassem ao hoje. "Parece que se a gente não mira no futuro, com esse olhar da possibilidade, da mudança, da transformação e da busca pelos diferentes caminhos, a gente corre o risco de se contentar com o que é", afirmou Maria Luísa.
Mural no CRPRS
Neste dia foi apresentado à categoria mural em grafite produzido pelo artista Jean Magnus (Olharte) em sala de reuniões do CRPRS. O mural foi idealizado com o objetivo de reafirmar o compromisso da Psicologia na defesa de pautas dos direitos humanos e na divulgação de práticas antirracistas, antissexistas, anticapacitistas, antiLGBTQIA+fóbicas.
Confira vídeo da atividade na íntegra: