Na noite de segunda-feira, 26/04, às 20h, a Comissão de Processos Clínicos e Psicossociais do CRPRS organizou uma reunião aberta à categoria para dar continuidade às discussões sobre a regulamentação da Psicoterapia como prática exclusiva para psicólogas/os.
Horas antes da reunião, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) lançou, ainda, uma Consulta Pública para saber a opinião das/os profissionais de Psicologia, de todo o país, sobre o tema. O questionário ficará disponível até 26/05 e pode ser acessado clicando aqui.
No Brasil, atualmente, qualquer pessoa pode oferecer a Psicoterapia como um serviço e isso vem preocupando a categoria. “Hoje, há a proliferação de práticas alternativas e cursos supostamente formando “psicoterapeutas” sem nenhum critério científico.”, explicou a professora Fernanda Serralta, do Laboratório de Pesquisa em Psicoterapia e Psicopatologia (LAEPSI) da Unisinos, presente na reunião.
“Nós precisamos delimitar o que é ou não Psicoterapia“, afirmou a professora ao conceituar essa área da Psicologia como uma intervenção terapêutica que incide sobre aspectos psicológicos diversos e que compõem a subjetividade e o comportamento humano. “A partir disso, outros questionamentos começam a aparecer, porque esse cuidado do sofrimento humano também é compartilhado por outras diversas práticas. Por isso, embora existam intervenções que podem ser consideradas terapêuticas, elas são muito breves ou, às vezes, até de uma única sessão e, em geral, nós não chamamos isso de Psicoterapia, porque não pressupõem um processo continuado.”
Para Fernanda, a regulamentação visa cuidar da qualidade do cuidado ofertado e a discussão do tema é, geralmente, relacionada a: aplicação de recursos do sistema de saúde publico e/ou privado dos países; preocupação com praticas não qualificadas e/ou sem base em evidencias; preocupação com limites éticos de atuação – paciente é vulnerável; e garantir acesso equitativo da população a serviço qualificado baseado em evidencia cientifica por meio dos planos e serviços de saúde.
No entanto, há algumas preocupações frente à regulamentação da Psicoterapia. “Entendo que pode haver um engessamento da prática - por um controle mal feito – e, ainda, lanço as seguintes reflexões: será que a privatização vai trazer maior valorização a nossa prática? Ou será que ela vai nos colocar em uma situação de discussões e brigas com outras profissões?”, indagou a professora ao questionar como qualificar a Psicoterapia.
Mediada pela presidenta da Comissão, Miriam Alves, a reunião contou, também, com a participação da conselheira Cristina Schwartz, representando a diretoria do CRPRS. Durante a conversa, todas/os as/os participantes puderam fazer perguntas sobre o tema.
E, na tentativa de apresentar alternativas, a professora Fernanda trouxe, ainda, exemplos de níveis diferentes de regulamentação da Psicoterapia em outros países, como a “auto-regulação” do Canadá, em parceria com o governo, e a “regulamentação do estado” da Alemanha, que estabelece regras, normas e diretrizes sobre quem pode exercer ou não a prática.
Saiba mais:
Consulta Pública CFP: A Psicoterapia deve ser uma atividade privativa de profissionais da Psicologia?
Assista o Seminário Nacional sobre Psicoterapia, de 24/04
Assista a Reunião da Comissão de Processos Clínicos e Psicossociais, de 12/04/2021
Assista a Reunião do dia 26/04, na íntegra: