O Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul manifesta seu repúdio pelo assassinato brutal da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Pedro Gomes, ocorrido no Rio de Janeiro na noite de quarta-feira (14). Marielle foi a quinta vereadora mais votada do Rio nas eleições de 2016 e era uma reconhecida liderança das comunidades periféricas da cidade, especialmente na luta pelos direitos da população negra, tendo pautado sua atuação pela defesa intransigente dos direitos humanos.
Negra da periferia, socialista, Marielle desafiou o roteiro previamente escrito para a população pobre do Brasil e cursou Sociologia na PUC-Rio com uma bolsa de estudos integral. Também cursou o mestrado em Administração Pública na Universidade Federal Fluminense (UFF). Eleita vereadora com 46,5 mil votos, denunciava sistematicamente a violência seletiva das abordagens policiais nas favelas do Rio, direcionadas prioritariamente à população feminina, negra e jovem.
Poucos dias antes de ser brutalmente assassinada, Marielle foi escolhida para relatar a Comissão da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro que acompanharia a intervenção militar na cidade determinada pelo governo federal. Crítica da medida, a vereadora também denunciou que o 41° Batalhão da PM do Rio, conhecido como Batalhão da Morte, vinha cometendo assassinatos seletivos na favela do Acari, zona norte da cidade.
Manifestamos nossa preocupação com a natureza desse crime, que significa um ataque mortal à democracia, ao Parlamento e à sociedade brasileira. Nos últimos meses, houve um recrudescimento assustador e intolerável da violência contra ativistas de causas sociais, especialmente de lideranças camponesas e indígenas do norte e nordeste do Brasil. Esperamos que a punição exemplar dos culpados possa pôr fim a esse ciclo perverso de acontecimentos.
O CRPRS se soma a outras instituições da sociedade civil, neste momento grave da vida política do país, e exige uma apuração rigorosa e isenta do crime, que teve um alvo específico: intimidar e calar a luta pelos direitos humanos e contra toda a forma de violência, seja ela oriunda de organizações criminosas, seja oriunda de forças policiais sustentadas pelo Estado.
Também se solidariza com as famílias das vítimas, a quem prestamos nossa homenagem.