Em 2014, o golpe militar de 1964 completa 50 anos. Apesar do tempo que passou, ainda se identificam, no Brasil atual, resquícios dessa época em que os direitos eram cerceados e a tortura era o instrumento utilizado contra aqueles que se opunham aos ideais do regime totalitário.
A necessidade de enfrentar os traços desse período que permanecem nas mais variadas formas de expressão na atualidade foi apontada durante o debate on-line “Do Golpe de 1964 à Democracia: em busca das verdades e dos sujeitos” realizado pelo CFP na quarta-feira, 02/04.
A presidente do CFP, Mariza Borges, mediou as discussões, e ressaltou que o CFP, que recentemente conquistou vaga no Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, vai continuar contribuindo e trabalhando para a eliminação da tortura em todas as instituições e, principalmente, naquelas de cuidado com a saúde.
Borges disse que este também é um momento de recuperar a própria história da Psicologia para evitar que a profissão perpetue atitudes e comportamentos excludentes. “É um momento de resgatar a história do CFP para evitar que se prolifere na Psicologia um comportamento semelhante aos regimes totalitários”, alertou.
“Não podemos deixar pedaços desse período porque senão a nossa democracia que ainda está em construção vai tropeçar nesses pedaços”, alertou a psicóloga e deputada Erika Kokay (PT-DF) durante o debate. Para ela, é preciso aproveitar o momento para fazer uma reflexão e promover o luto dessa fase para assim avançar na consolidação da democracia. “Fazer justiça é fazer o luto e tenho absoluta certeza de que fazer o luto dessa época é tarefa de cada um nós”.
A coordenadora da Comissão Nacional dos Direitos Humanos do CFP, Vera Paiva, relembrou a resistência à ditadura feita tendo como horizonte a perspectiva dos direitos humanos para enfatizar a necessidade de pensar nos dias atuais também sob esse enfoque. Vera é filha do ex-deputado, Rubens Paiva, que foi dado como desaparecido durante a ditadura, mas a Comissão Nacional da Verdade (CNV) aponta que houve assassinato, com indícios de tortura no Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi).
Em sua fala, a coordenadora da CNDH/CFP comparou o caso do seu pai com o do Amarildo, também vítima da violência de Estado, para mostrar que ainda precisam ser superados traços da época ditatorial.
Em breve, o vídeo do debate vai estar disponível na página do CFP no Youtube.
Fonte: www.cfp.org.br