Nesta semana, o Conselho realizou um CRPRS Convida Especial, na terça-feira, 04/07, às 19h, para falar sobre as denúncias de surto de COVID-19 nos hospitais psiquiátricos do RS e a falta de transparência do governo na divulgação do número total de infectados e óbitos por coronavírus, nesses locais.
Transmitida pelo Instagram do Conselho, a live foi mediada pela conselheira da Comissão de Comunicação do CRPRS e profissional do SUS, Dalmara Fabro de Oliveira (CRP 07/27606), e contou com a presença do psicólogo Rafael Wolski de Oliveira (CRP 07/14607), professor da Unisinos e integrante do Fórum Gaúcho de Saúde Mental.
Nos hospitais psiquiátricos São Pedro, em Porto Alegre, e Colônia de Itapuã, em Viamão, várias pessoas estariam infectas por COVID-19 e profissionais enfrentando a falta de EPIs (Equipamentos de Segurança) e insuficiência de testagem para coronavírus. Denúncias sobre essas situações foram feitas pelos servidores públicos desses locais ao Fórum Gaúcho de Saúde Mental (FGSM) e encaminhadas à Secretaria Estadual da Saúde .
“Quando, dentro de um hospital do Estado, você recebe a notícia que os próprios trabalhadores estão confeccionando suas máscaras para poder ter um equipamento de proteção, se trata de algo grave.”, explica Rafael, ao relatar desespero vindo dos profissionais que denunciaram.
O professor lembra, ainda, que algumas pessoas ficam impossibilitadas de realizar as denúncias, como é o caso dos usuários de hospitais psiquiátricos que estão em confinamento e vivem na invisibilidade. “A gente não consegue acessar esses usuários para que eles mesmos digam o que estão passando lá, quais seus medos e como podem ser ajudados.”, completa.
A Secretária Estadual da Saúde foi contatada pelo FGSM e, em 24/07, publicou o registro de 5 mortes por coronavírus no Hospital Colônia de Itapuã e no Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP), mas não deu mais informações sobre a situação. “As informações vão chegando não através da oficialidade da SES, mas, sim, por denúncias.”, lamenta Rafael, quando expõe situações que ficam sem respostas, como, por exemplo, questões sobre a estrutura de uma enfermaria que, segundo denúncia, foi criada para atender pessoas com COVID-19, no HPSP.
Para a conselheira Dalmara, a política de mortes instaurada no Brasil e, especificamente, em hospitais psiquiátricos, caracteriza-se pelo “deixar morrer”, pela falta de assistência, cuidado e por uma negação das mortes. Segundo ela, esta realidade lembra o manicômio de antigamente; onde, muitas vezes, os pacientes eram tratados com descaso e sem dignidade; e vem de encontro com a Luta Antimanicomial. “Isso prova que a reforma psiquiátrica não foi de todo cumprida, há, ainda, muitas lutas e o papel da Psicologia nas políticas públicas traz esse compromisso com os direitos humanos.”, afirma Dalmara.
A Reforma Psiquiátrica, de 06/04/2001, prevê, ao indivíduo em sofrimento psíquico, garantia de seus direitos como cidadão e do respeito a sua individualidade.
Assista à live na íntegra: