Para marcar os 50 anos do Golpe, o Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul promoveu na sexta-feira, 21/03, em parceria com a Sigmund Freud Associação Psicanalítica, o evento “Descomemoração dos 50 anos do Golpe: o lugar do psicólogo nos processos de reparação”. A conselheira, presidente da Comissão de Direitos Humanos do CRPRS, Caroline Martini Kraid Pereira, destacou que a atividade foi concebida com o objetivo de estimular a categoria a refletir sobre discursos, práticas e efeitos da Ditadura que continuam presentes ainda nos dias de hoje.
Representando a Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul, a psicóloga Ivone Coelho de Souza, trouxe um testemunho, resgatando sua vivência no período de 1964, como estudante ingressando na faculdade de Psicologia. “É impossível rememorar e refletir sobre o tema sem incursões psicológicas. Nós, como psicólogos, sabemos da importância do passado nas intervenções do presente. Restam traumas, o que nos exige um olhar apurado sobre o passado para encaminhar um desfecho possível”.
A psicóloga Bárbara Conte, falou sobre sua experiência coordenando o projeto Clínicas do Testemunho na Sigmund Freud Associação Psicanalítica - SIG, que representa o momento da justiça restaurativa oferecendo a possibilidade de escuta às vítimas da ditadura. A iniciativa do Ministério da Justiça, a partir da Comissão da Anistia, atende a determinação da Corte Interamericanaao Estado brasileiro, como forma de se responsabilizar pelo efeito que teve nos cidadãos durante os anos ditatoriais. “O psicólogo tem um trabalho muito importante, dando a possibilidade de fala a pessoas que se mantiveram em silêncio por muitos anos, um espaço de escuta que não tem intervenções morais. A escuta e a fala são fundamentais no processo de reparação. Trabalharmos este espaço de tempo na vida da pessoa que não pode ser temporalizado e que, por este motivo, não se caracteriza como passado”, ressaltou Bárbara.
A psicóloga Luciana Knijnik exibiu o documentário “Arquivos da Cidade”, dirigido por ela e por Felipe Diniz, com depoimentos de pessoas que sofreram na pelo a prisão, a tortura e o desaparecimento de amigos e familiares. Em sua fala, Luciana apresentou dados de nossa realidade, mostrando como os temas da ditadura e da violência de estado estão presentes em nossas vidas e a Psicologia, portanto, deve se ocupar dessa discussão. Para ela, o trabalho do psicólogo, independente de seu âmbito de atuação, está diretamente relacionado ao contexto em que vivemos. O documentário Arquivos da Cidade está disponível em http://bit.ly/arquivos_da_cidade.
Veja o vídeo completo do evento -> http://bit.ly/OXFWwL