Leia a reportagem do jornal Zero Hora, desta quarta-feira (15/08), que traz o depoimento da psicóloga Silvia Giugliani, assessora técnica do CREPOP.
Os planos do governo do Estado de instalar um centro tecnológico no complexo hospitalar São Pedro, em parceria com a iniciativa privada, reacenderam a polêmica sobre a falta de leitos psiquiátricos.
Durante uma concorrida audiência pública realizada na Câmara Municipal de Porto Alegre, ontem à tarde, representantes de diferentes entidades cobraram do secretário estadual da Saúde, Osmar Terra, aumento da rede de atendimento a pacientes com transtornos mentais.
Segundo o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), o Estado tem um déficit de 2,3 mil leitos psiquiátricos. O número atual é de 2,5 mil, mas seriam necessários 4,8 mil para cumprir recomendação da Organização Mundial da Saúde, que prevê 0,45 leito a cada mil habitantes. Em parceria com a Associação Brasileira de Usuários do SUS e com o Movimento pela Atenção Integral em Saúde Mental, o Simers lançou a campanha Loucura é a Falta de Leitos Psiquiátricos.
- Enquanto mães estão acorrentando seus filhos por falta de leito, há gente tramando para vender aquilo que deveria ser da saúde - disse o presidente do Simers, Paulo de Argollo Mendes.
Com cartazes e faixas, outro grupo de manifestantes defendia um ponto de vista diferente: em vez de inchar os hospitais psiquiátricos, seria necessário aumentar a rede com Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e leitos em hospitais gerais.
- Não podemos retroceder. Temos de avançar na criação da rede de serviços substitutivos, e não aumentar os leitos em hospitais psiquiátricos. Para tudo isso, precisa de vontade política - defendeu a psicóloga Silvia Giugliani, representante do Conselho Regional de Psicologia na Comissão de Saúde Mental do Conselho Municipal de Saúde.
Hoje existem 130 Caps no Estado, e a promessa do Estado é dobrar o número até o fim do governo.
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Contraponto: O que diz Osmar Terra, secretário estadual da Saúde
Osmar Terra disse que a intenção do projeto em estudo pelo governo é utilizar o prédio principal do São Pedro como um laboratório, que seria administrado pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) e pela iniciativa privada. Segundo ele, os recursos privados seriam utilizados para a reforma do prédio histórico, orçada em R$ 40 milhões.
- Não vou tirar recursos do Programa de Saúde da Família para reforçar o prédio, e o Estado está quebrado. Em nenhum momento se falou em vender ou fechar leitos.
Sobre as vagas, Terra disse:
- Não vamos aumentar manicômios, precisamos de mais leitos em hospitais gerais e de Caps.