Em sua fala, Dora destacou como o Estado e o Direito contribuíram na formação da “ideologia racista nacional”, estabelecendo e perpetuando diferenças raciais. “A necessidade de classificar brancos e negros existe porque a sociedade promove rejeição ou privilégios, recebendo pessoas, em um primeiro momento, a partir de seu pertencimento racial. Não é uma questão de classe, não há uma explicação racional para isso, não há uma racionalidade nessa forma de preconceito”, afirmou Dora.
O trabalho das comissões de heteroidentificação deve restringir-se ao aspecto físico da pessoa, sem levar em conta a origem familiar. “Quando chega a um espaço público essa pessoa é recebida como branca ou negra? Essa reflexão é o que deve ser considerada. Se a pessoa é socialmente identificada como negra, seu físico é objeto de discriminação, sofre preconceito e precisa de ações afirmativas”.
Para Dora, integrar comissões de heteroidentificação faz parte do engajamento de ações antirracistas. “É um momento delicado, mas necessário para que se tenha maior efetividade nos programas de ações afirmativas”.