Em 22/06, o CRPRS realizou, em parceria com a Macrorregião Norte, o I Encontro Macro Norte de Saúde Mental: Caminhos do Cuidado em Liberdade, em Passo Fundo. A atividade foi alusiva ao Dia da Luta Antimanicomial.
Participaram da mesa de abertura Leandro Vieira, coordenador adjunto da 6ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), e Augusto Fassina, conselheiro do CRPRS. A seguir, foi exibido o vídeo “Holocausto Brasileiro Manicômio de Barbacena”, que documenta situações de violação de direitos humanos ocorridas em hospital psiquiátrico na cidade de Barbacena/MG.
A mesa redonda “Caminhos do Cuidado em Liberdade”, que foi mediada por Patrícia De Carli, assessora jurídica da 15ª CRS, teve a participação de Bernardete Dalmolin, vice-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários da Universidade de Passo Fundo (UPF) e professora na mesma instituição, doutora em Saúde Pública (USP), mestre em Saúde Pública (USP) e MBA em Gestão do Ensino Superior; e de Cléber Fernandes da Silva, terapeuta ocupacional com experiência em CAPS e tutoria da formação do Ministério de Saúde - Caminhos do Cuidado. Em sua fala, Bernadete salientou a defesa do cuidado em ato, por meio da construção de caminhos possíveis, conectados às produções subjetivas e singulares e enfrentando todas as formas de restrição de liberdades, inclusive os modelos higienistas que coexistem em meios abertos. Cléber apresentou a importância da terapia ocupacional e a trajetória até chegar-se às leis da Reforma Psiquiátrica, pontuando a importância do respeito aos direitos humanos, garantindo autonomia e liberdade, do combate a estigmas e preconceitos e da atenção humanizada e centrada nas necessidades das pessoas, como diretrizes para o caminho do cuidado em liberdade.
Após, foi aberto o espaço “Cochicho”, em que o público realizou comentários e perguntas. Os questionamentos foram a respeito de diferentes inter-relações com o cuidado e liberdade e situações que ainda são encontradas nos diferentes espaços.
À tarde, a mesa redonda “Quando a privação de liberdade é necessária, como compartilhar o cuidado?” foi mediada por Augusto Fassina, com a participação de Fernanda Facchin Fioravanzo, conselheira do CRPRS, coordenadora do Núcleo do Sistema Prisional do CRPRS, pós-graduada em Gestão de Políticas Sociais pela UCS e com formação em Gestalt Terapia pelo Instituto de Psicologia Gestáltica do RS, servidora estadual na Superintendência dos Serviços Penitenciários (SUSEPE), na Penitenciária Industrial de Caxias do Sul; e de Priscila Corazza Simões, psicóloga especialista em dinâmica das relações conjugais e familiares, Técnica Superior Penitenciária da SUSEPE e integrante do Núcleo Prisional Norte do CRPRS. Fernanda comentou o histórico do olhar sobre o encarceramento e aspectos relacionados à seletividade penal e à sociedade de controle, apresentando dados sobre a privação de liberdade no Brasil. Em sua fala, questionou o que significam as instituições totais na condição humana, que consistem em espaços de tortura, de enrijecimento e de relações de poder verticalizadas. Foi salientada por Fernanda a necessidade de se pensar a redução de danos em relação às pessoas encarceradas, colocando também a importância dos debates realizados pelos Núcleos do Sistema Prisional do CRPRS, pois “não podemos deixar de pensar no sofrimento mental que o Sistema Prisional produz tanto para os encarcerados como quanto para os seus trabalhadores.” Priscila apresentou em sua fala a importância da articulação de redes, ponderando também sobre os muros visíveis e invisíveis no que se relaciona ao sistema prisional. Comentou, em sua apresentação, a importância da criação de espaços possíveis de atuação, por meio da geração de vínculo terapêutico, trazendo exemplos de seu trabalho na 4ª Região Penitenciária.
Seguiu-se a esse momento mais um espaço “Cochicho”, com colocações do público, perguntando e fazendo comentários. Ao final do evento, foi realizada apresentação de música e dança da Oficina Despertar, atividade terapêutica coordenada por Aline Morigi.