Os movimentos sociais na atualidade foram tema do debate "As marchas 'vem pra rua!': conversações sobre a interface entre Psicologia e Política na contemporaneidade". A atividade foi realizada em 18 e 19/11 no Auditório do CRPRS, em Porto Alegre. O encontro aconteceu a partir de uma iniciativa do Grupo de Pesquisa Psicologia e Políticas Sociais – História, Memória e Produção do Presente da PUCRS e contou com o apoio do CRPRS.
A atividade iniciou com as falas da conselheira presidente do CRPRS, Alexandra Ximendes, trazendo a importância do debate no atual momento, e da Profa. Helena Scarparo, da PUCRS, salientando a relevância e agradecendo a disponibilidade e presença dos palestrantes na discussão.
Conforme a Profa. Dra. Cecília Coimbra, da Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ), psicóloga, que realizou fala na mesa do dia 18/11, “Não há como definir as manifestações, pois isso seria empobrecê-las”. Ela também colocou que as manifestações “vêm nos interpelar sobre o que estamos ajudando a fazer de nós mesmos.”. De acordo com a psicóloga, esses movimentos são forças do porvir que destroem o que era, e essa onda, que consiste em um acontecimento que não é possível de ser parado. Essa onda, de acordo com ela, “acontece para além de nós, e cada um de nós pode ativar essas forças.”. Cecília também afirma que há um fechamento que a preocupa, demonstrado pela reação conservadora dos governos. Ainda conforme a psicóloga, falar das manifestações é “falar do desassossego, do estranho em nós. Descobrir nele um aliado. Dessa capacidade depende o vigor da afirmação da vida.”.
Na mesa realizada em 19/11, o Prof. Dr. Marçal Paredes, da PUCRS, da área da História, trouxe em sua fala “As marchas rediscutem a nação: uma nova comunidade imaginada?” o conceito de nação como plebiscito diário e as manifestações como sismos nas placas de imaginário social. Marçal colocou a questão da “cordialidade brasileira histórica” em contraponto com as mudanças contemporâneas de cunho socioeconômico no mundo e no Brasil, representadas, por exemplo, pela crise do capitalismo e, localmente, pelo controle da inflação, políticas de inclusão educacional e o processo de inclusão digital. Conforme ele, existe uma pressão para além do crescimento pelo consumo, o que provocou um efeito cascata e trouxe uma nova reconfiguração das demandas da sociedade. Salientando a importância das redes sociais no processo, Marçal finalizou afirmando: “As nações não são mais átomos sem janelas”.