No sábado, 25/02, o CRPRS promoveu o Evento Anual de Verão do Polo Litoral Norte, retomando essa atividade no formato presencial após dois anos. Profissionais que atuam na região estiverem reunidos no auditório da Câmara Municipal de Capão da Canoa para discutir sobre avaliação psicológica, psicoterapia e racismo.
O coordenador do Polo Litoral Norte, Gilberto Gerson, fez a abertura do evento, que contou com a presença da vereadora de Capão da Canoa Lavina Dias de Souza. Ela destacou a importância dessa aproximação da Câmara de Vereadores com o Conselho Regional de Psicologia para contribuir em pautas importantes para a profissão, como a implementação da Lei nº13.935/2019 no município, que dispõe da obrigatoriedade de serviços de Psicologia e Serviço Social nas escolas. A conselheira tesoureira Maria Luiza Diello, também presente na atividade, reforçou a importância do Legislativo acompanhar pautas como a do Piso Salarial da Psicologia e das 30 horas.
A conselheira presidenta do CRPRS, Fabiane Konowaluk Santos Machado, falou sobre a Resolução do CFP nº 31/2022, reforçando a importância de se compreender o processo de avaliação psicológica de forma mais ampliada. “Devemos fazer uma avaliação crítica, respeitar as diferenças, considerar os aspectos fundamentais do Código de Ética profissional e fazer uso de todos os instrumentos possíveis para uma avaliação, ou seja, indo além da aplicação de testes psicológicos”.
Com o objetivo de provocar reflexões sobre a prática da psicoterapia, a conselheira vice-presidenta do CRPRS, Míriam Alves, apresentou dados do Censo Psi 2022, revelando que hoje a prática é exercida em sua grande maioria por mulheres, brancas e cis. “Que escuta clínica passa pelo corpo dessas mulheres, brancas e cis? A Resolução do CFP nº 13/2022 deve ser lida considerando isso. Não é um documento estático, apenas normatizador, a Resolução nos convoca a pensar para além da nossa prática”, afirmou.
O conselheiro Ademiel de Sant'Anna Junior, presidente da Comissão de Processos Clínicos e Psicossociais, contribuiu com essa provocação lendo um relato marcado por situações de racismo que começam na infância e como suas marcas, invisibilizadas e silenciadas, seguem pela vida. “A escuta clínica representa o posicionamento do nosso corpo diante de uma demanda. De que forma é feita a escuta clínica de uma corpa preta com todas as suas idiossincrasias? Como o racismo atravessa a nossa prática?”.
Na sequência, teve início a Gira Poética do CRPRS, atividade que vem ocorrendo em todo o estado desde o final do ano passado. “A partir das ações afirmativas nas últimas eleições do Sistema Conselhos de Psicologia, que garantiu a representatividade dos povos tradicionais, das pessoas negras, das pessoas com deficiência e das pessoas LGBTQIA+ nas gestões dos Conselhos Regionais e Federal, queremos marcar nossas presenças, ocupando lugares de protagonismo. A Gira seguirá se repetindo para acabar com espaços de segregação e no caminho da elucidação de nossa posição que nunca foi subalterna”, afirmou Ademiel. Os psicólogos Zeca Amaral e João Goulart (Jango) e a fisioterapeuta mestranda em Psicologia Social Úrsula Ingrid de Souza Faria participaram da Gira compartilhando seus poemas e textos.