“Nós somos compartilhadores, nós somos a coletividade”, a fala da jovem indígena kaingang Milena Jynhpó, da Terra Indígena Guarita, resumiu o evento “Marco temporal não: nunca mais um Brasil e uma Psicologia sem nós”, realizado no sábado, 15/07, pelo CRPRS, em uma organização das Comissões de Relações Étnico-Raciais, de Direitos Humanos e de Psicologia, Sociedade e Políticas Públicas. O dia histórico para a Psicologia reuniu lideranças indígenas do estado em um ato político em defesa da vida, refletindo sobre a avalanche de retirada de direitos que o marco temporal representa para a sociedade.
“Com este evento, queremos selar o compromisso com a vida, não só com os povos indígenas. O futuro é ancestral. Demarcação já. Marco temporal não.” Assim a conselheira Priscila Góre Emilio, indígena kaingang, abriu o evento agradecendo a colaboração das conselheiras Camila Dutra dos Santos, presidenta Comissão de Relações Étnico-Raciais, e Samantha Medeiros Ferreira, presidenta da Comissão de Direitos Humanos, e do conselheiro Luís Carlos Bolzan, presidente da Comissão de Psicologia, Sociedade e Políticas Públicas.
A conselheira presidenta do CRPRS, Míriam Cristiane Alves, ao saudar a ancestralidade indígena chamou todas as lideranças indígenas a subir ao palco, representando diferentes povos. “Reunimos vocês aqui porque queremos mostrar ‘no que virou este conselho’. Virou um espaço de construção, de processo democrático em que é possível que vocês, povos indígenas, estejam aqui. Quando a branquitudade construiu as políticas de cotas do Sistema Conselhos de Psicologia imaginou que permaneceríamos apenas como cotas. Queremos mostrar que viemos para marcar a nossa existência, dizer que a sociedade precisa se transformar considerando a nossa pluriversidade, a existência de cada um e cada uma que está aqui representando seu povo. Essa pergunta disruptiva 'No que virou este Conselho?' rompe com o status quo, com a invisibilidade e o silenciamento da nossa existência. Este Conselho virou um espaço vivo de construção democrática, um espaço de produção de diferentes vidas e existências”, afirmou a conselheira presidenta do CRPRS.
Na sequência, representantes da comitiva da Terra Indígena de Iraí e da Terra Indígena Guarita que estavam no auditório do CRPRS fizeram uma apresentação cultural de boas-vindas. Logo após, organizou-se uma Gira Poética, com a participação da psicóloga Maíne Alves Prates, da fisioterapeuta mestranda em Psicologia Social Úrsula Ingrid de Souza Faria e do conselheiro vice-presidente CRPRS, Ademiel de Santa’Anna Junior.