Os filmes “Eu conheço o Abel” e “Menos que Nada” foram exibidos na noite de quarta-feira, 15/05, no pátio do Hospital Psiquiátrico São Pedro, dentro da programação da Semana da Luta Antimanicomial de Porto Alegre. A exibição, seguida de debate, inaugurou o projeto “Clube de Cinema São Pedro Cidadão”, que exibirá periodicamente filmes relacionados ao tema da luta antimanicomial.
Coordenado pela conselheira do CRPRS, Maria de Fátima Fischer, o debate contou com a presença do também conselheiro do CRPRS, Rafael Wolski de Oliveira, diretor do curta-metragem “Eu Conheço o Abel”; do cineasta Carlos Gerbase, diretor do longa “Menos que Nada” e do ex-governador Olívio Dutra, escolhido pela instituição como o padrinho do projeto de cinema do Hospital São Pedro.
“Eu Conheço o Abel” narra a trajetória de um ex-interno do Hospital Psiquiátrico São Pedro que vai morar em Viamão e estabelece, a partir disso, uma intensa relação com a cidade. Para a realização do documentário, a equipe transitou pelos mesmos trajetos costumeiros de Abel, conversou com pessoas e fez registros de depoimentos com quem se relacionava com ele ao longo de seu caminho. Diversas formas de ser, de habitar e de se relacionar na cidade vão se desenhando através desse personagem. "Os depoimentos revelam discursos sobre a cidade, sobre o que é a loucura e principalmente sobre o que significa conhecer alguém", declarou Rafael.
Apesar de não se propor a discutir a questão antimanicomial de forma direta, “Menos que Nada” mostra as dificuldades de quem vive no isolamento resgatar seu passado. O filme – que teve como set de filmagem as dependências do São Pedro – narra a história de um personagem fictício, Dante, um jovem internado em um hospital psiquiátrico com diagnóstico de esquizofrenia. Ele não fala com ninguém, nem recebe visitas. Na história, uma jovem psiquiatra se interessa pela história de Dante ao vê-lo surtar no pátio do hospital e começa a desvendar as relações sociais do seu paciente.
“Há um dilema vivido pela personagem entre aumentar a dose da medicação ou deixar seu paciente 'mais humano'”, analisou Gerbase. No debate, o cineasta também apontou pontos em comum entre a história de Abel e Dante já que ambos tentam, de alguma forma, resgatar um passado.