Ampliar o debate em torno da questão da deficiência, bem como desenvolver ações no campo da Psicologia que possibilitem uma inclusão social, de fato, destas pessoas na sociedade. Esses são alguns dos objetivos na criação dos Grupos de Trabalho (GTs) sobre pessoas surdas e enfrentamento ao capacitismo, da Assembleia das Políticas da Administração e das Finanças (APAF). Os colegiados iniciaram os trabalhos no mês de fevereiro.
Os dois GTs foram aprovados na última APAF, realizada em novembro de 2021. O primeiro, proposto pelo Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP/06), destaca a importância de fomentar o debate sobre o Atendimento à Pessoa Surda, no âmbito da Saúde, de modo a possibilitar a construção de referências éticas e técnicas que orientem a prática profissional. Além disso, estão previstas a elaboração de uma resolução e de uma nota técnica para regulamentação da prática bilíngue no atendimento à pessoa surda.
Já o GT de Enfrentamento ao Capacitismo foi proposto pelo Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina (CRP-SC/12) ainda na APAF de maio de 2019. Entre os objetivos desse colegiado está a produção de um material técnico para a promoção de práticas psicológicas que orientem as/os profissionais sobre a atuação com pessoas com deficiência na perspectiva dos direitos humanos. O Grupo também irá trabalhar em iniciativas destinadas a contribuir com a qualificação das/os profissionais para a implementação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.
A conselheira Izabel Hazin é coordenadora dos dois GTs. O sobre pessoas surdas é formado pelas/os psicólogas/os Atanael Ribeiro da Silva Weber (CRP-03/BA), Ione Aparecida Xavier (CRP-06/SP) Maynar Patrícia Vorga Leite (CRP-07/RS), Andrea dos Santos Silva (CRP-09/GO) Silvany Ellen Risuenho Brasil (CRP-10/PA-AP), Ingrid Alves de Mendonça Oliveira (CRP-20/AM-RR), Dannilo Jorge Escorcio Halabe e Rosana Mendes Éleres de Figueiredo (titular e suplente, respectivamente pelo CRP-22/MA) e Ana Tereza Marques (representante Ad hoc).
O GT de Enfrentamento ao Capacitismo é composto por Camila Maia (CRP-01/DF), Ione Aparecida Xavier (CRP-06/SP) Joyce Hilário Maranhão (CRP-11/CE), Janaína Henrique (CRP-12/SC), Rafael Ribeiro Filho (CRP-17/RN), Danilo Jorge Escorcio Halabe (CRP-20/AM-RR), Rafael Góes Miranda (CRP-23/TO) e Ana Tereza da Silva Marques (Ad hoc).
Atuação a partir da escuta
A conselheira do CFP Izabel Hazin destaca a relevância dos dois GTs especialmente considerando fragilidades que ainda se dão na formação da/o psicóloga/o acerca desses temas, que têm recebido pouca atenção da categoria da Psicologia, muito em razão desse desconhecimento.
“Esses GTs têm duas importantes missões: trabalhar com a categoria para o atendimento com a comunidade surda e o enfrentamento ao capacitismo, e ampliar o conhecimento por parte da categoria das tecnologias assistivas que são ferramentas que podem nos auxiliar na inclusão destas pessoas”, reforça.
Indagada sobre a razão de terem sido instituídos dois GTs com temas semelhantes, Izabel destaca as especificidades do atendimento à comunidade surda – que é muito diversa na sua composição tanto nas fases do desenvolvimento quanto na variabilidade de interação (surdos oralizados, bilingues, surdos-cegos).
“Como esse GT tem uma especificidade muito grande, que é construir uma resolução de orientação à categoria para atendimento à comunidade surda, a APAF entendeu que seria importante que se mantivessem dois colegiados, pois o outro GT é mais amplo, de enfrentamento ao capacitismo e também tem um objetivo de construção de uma nota técnica que oriente a categoria sobre tecnologias assistivas”, destacou Hazin.
Acerca da construção das notas técnicas e das resoluções, a conselheira do CFP destaca que a “escuta” tem que ser o fator primordial para a elaboração e para efetividade destes documentos. Para apoiar nesse processo, serão realizados seminários nacionais com todo o Sistema Conselhos de Psicologia, a fim de ouvir a categoria que está no atendimento na ponta, bem como ouvir as comunidades surda e com outras deficiências e entidades que trabalham com as temáticas.
“Os primeiros passos de ambos os GTs vão nesta direção: a escuta. É a partir dela que iremos nos munir de informações e reflexões para que possamos então elaborar resoluções e notas técnicas que reflitam tanto a demanda da categoria quanto a das comunidades. O objetivo é que realmente sejam documentos eficientes e eficazes para o atendimento a essa demanda”, reforça a conselheira.
Fonte: Conselho Federal de Psicologia.