Após negociação com a American Psychological Association (APA), o CRPRS está disponibilizando para consulta pública a tradução do documento “Guidelines for Psychological Practice With Transgender and Gender Nonconforming People” elaborado para orientar profissionais da psicologia na realização de práticas afirmativas e culturalmente adequadas em relação a populações transgêneras ou em desconformidade de gênero. A tradução foi feita, sob supervisão da APA, pelos psicólogos Ramiro Figueiredo Catelan e Angelo Brandelli Costa. O documento pode ser baixado clicando aqui.
Além do site CRPRS, o documento Diretrizes para práticas psicológicas com pessoas trans e em não conformidade de gênero também será publicado pela Revista Temas em Psicologia. O objetivo é transformar o texto num documento de referência para a categoria no trabalho com a população trans.
“Existe um campo crescente de pesquisas no cenário internacional que busca criar e adaptar estratégias psicológicas e psicoterápicas culturalmente adequadas a essa população. Os estudos de gênero e sexualidade no Brasil têm crescido nos últimos anos e vêm sendo paulatinamente incorporados ao pensamento psicológico, mas não havia ainda material em português que desse orientações a profissionais da psicologia sobre como promover boas práticas psicológicas com pessoas trans”, justificou Brandelli.
Pessoas transexuais (ou trans) e travestis são aquelas que foram designadas com um gênero ao nascerem (nos registros civis), mas que no curso do seu desenvolvimento acabaram se identificando com outro gênero. Por conta do preconceito e do estigma, enfrentam diversos desafios, como maior rejeição familiar e comunitária, expulsão domiciliar, evasão escolar e desemprego. No caso da saúde mental, quando comparadas a pessoas cis (ou não-transexuais), mostram maior vulnerabilidade para depressão, ansiedade e abuso de substâncias, bem como taxas mais elevadas de ideação suicida e tentativas de suicídio.
As perspectivas psicológicas contemporâneas entendem que a transexualidade não é uma doença, mas uma variação normal da identidade de gênero. “Boa parte do sofrimento dessas pessoas decorre da vivência do preconceito, exclusão social e invalidação”, completou Brandelli. Essa diretriz será confirmada com a publicação da 11ª Edição da Classificação Internacional de Doenças, onde a Incongruência de Gênero não mais constará no capítulo de Transtornos Mentais – e sim no capítulo de Saúde Sexual Geral.