"A saúde mental é um campo de todas as áreas. Então, como podemos costurar essa discussão com outros profissionais?”. O questionamento é da coordenadora do Núcleo de Educação do CRPRS, Simone Bampi, feito em reunião realizada na última sexta-feira na sede do Conselho, em Porto Alegre, sobre a inclusão psicossocial e avaliação psicológica na educação. A reunião, também proposta pela Comissão de Avaliação Psicológica, é continuidade ao debate proposto em setembro no evento “Avaliação psicológica e corte etário na educação: a Psicologia tem algo a dizer?”. Psicólogos/as participaram do debate, incluindo as convidadas Alexsandra Paz Araújo, educadora especial da Faders (Fundação de Articulação e Desenvolvimento para PcD e PcAH no RS) e Maria Cristina Coiro Pacheco, da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Viamão.
A importância das escolas inclusivas foi destacada por Alexsandra. Para ela, as crianças que têm alguma deficiência devem ser introduzidas em escolas para todos: “com e sem deficiência, moradoras de rua e minorias étnicas, linguísticas e culturais”. A psicóloga lembrou que a educação inclusiva é um direito humano e ressaltou a importância do Estatuto da Pessoa com Deficiência para a efetiva inclusão dessas pessoas. A diferença entre as deficiências intelectual e mental foi apontada por Alexandra. A primeira diz respeito a processos cognitivos e de aprendizagem relacionados ao intelecto. A segunda apresentou uma evolução na nomenclatura ao longo do tempo: de doença mental passou a transtorno mental e, hoje, transtorno psicossocial.
Maria Cristina Coiro Pacheco, da Apae de Viamão, defendeu ser necessário pensar de que forma são tratadas as individualidades das pessoas da instituição. “Precisamos ver a parte saudável deles e não priorizar a patologia, para que a parte saudável se desenvolva. É essa parte que precisa crescer”, argumentou. Na Apae, o foco de sua atuação é introduzir os alunos no mercado de trabalho, momento em que ganham voz e passam a dizer o que querem. A psicóloga da Apae lembrou que, a cada ano, o número de turmas na associação diminui, o que considera positivo. “As pessoas com deficiência devem ir para todas as escolas em vez de ficarem segregadas. Os profissionais especializados em algum transtorno ou em alguma deficiência é que devem ir para a rede”, defendeu.
Os/As psicólogos/as presentes no evento ainda reafirmaram a importância de orientar os educadores nas escolas sobre como lidar com alunos com deficiências e transtornos intelectuais e psicossociais.
Coepede
O Conselho Regional de Psicologia integra o Conselho Estadual de Pessoas com Deficiência, em que há uma comissão para discutir a deficiência psicossocial. No Coepede, o CRPRS é representado por Simone Bampi.