Na segunda-feira, 27/11, o CRPRS promoveu a última edição de 2023 do ciclo de debates “A branquitude e o racismo têm dessas coisas". A atividade, promovida pela Comissão de Relações Étnico-Raciais, debateu infâncias negras e indígenas.
O vice-presidente do CRPRS, Ademiel de Sant’Anna Junior, abriu o evento realizando uma intervenção cultural falando sobre o reflexo da realidade enfrentado por crianças negras e periféricas.
Na sequência, deu-se inicio à roda de conversa mediada pelo conselheiro Rafael Carneiro, presidente da Comissão de Educação, com a participação da professora kaingang Regina Goj Téj Emílio e da psicóloga clínica Liziane Guedes.
Liziane falou sobre sua dissertação de mestrado que pautou a experiência de crianças negras a partir do Sopapinho Poético, projeto infantil antirracista dentro de um sarau de poesia negra de Porto Alegre, e narrativas e estratégias infanto-juvenis frente ao racismo. “O que esse espaço permite é que essas crianças tenham uma compreensão sobre as relações raciais muito afinadas, muito conectadas com uma realidade difícil, permeada pelo racismo na sociedade brasileira. O que não quer dizer que isso seja fácil ou gostoso todo tempo, mas elas tinham um entendimento na idade delas que muitos de nós levamos muito tempo para construir e construíram a partir de uma perspectiva de violência”, argumentou a psicóloga.
Regina contou como as tecnologias ancestrais indígenas perpassam todo o desenvolvimento infanto-juvenil, ressaltando a importância de políticas públicas nesse processo, bem como a necessidade de adaptar as creches para dentro dos territórios, onde todos os integrantes da rede escolar sejam falantes da língua tradicional daquela comunidade e de acordo com seus costumes. “Nós precisamos fortalecer as crianças para que os adultos que venham a partir delas não se calem diante do preconceito” disse a professora Kaingang.
Por fim, o mediador Rafael explicou a necessidade de dar visibilidade a essas populações marginalizadas e como a branquitude perpassa por elas. “Precisamos desconstruir a branquitude que habita em nós e que causa todo o racismo desde a infância” finalizou.
O evento teve transmissão ao vivo através do Canal do Youtube do Conselho.