Na data que marcou o Dia da Luta Antimanicomial, 18/05, foi realizado em Brasília/DF o lançamento da Frente Nacional de Negras e Negros da Saúde Mental (FENNASM), uma articulação de negras e negros trabalhadoras/es, usuárias/os, estudantes, militantes e pesquisadoras/es da saúde mental. O Conselho Federal de Psicologia foi o local escolhido para a cerimônia, que destacou a importância da construção coletiva de uma agenda para políticas de saúde mental antimanicomial e antirracista.
A vice-presidenta do CFP, Ivani Oliveira, pontuou que a luta antimanicomial precisa da centralidade da luta antirracista, e que esse é um processo contínuo e ininterrupto. “A gente não acaba com as opressões de gênero, classe e raça a partir de adventos de ‘marco’. As questões são solucionadas todo dia, em todos os momentos e em todos os lugares”, apontou.
O psicólogo Tadeu de Paula, da Fennasm, informou que a Frente Nacional surgiu da necessidade de radicalização da luta ‘antimanicolonial’ e da reforma psiquiátrica brasileira. “Agora existe um novo ator político, que historicamente foi aquele que mais sofreu com a lógica manicomial e que estrutura a saúde mental no Brasil”.
A conselheira federal Obadeyi Carolina Saraiva destacou a amplitude que a criação da Fennasm pode alcançar no trabalho da saúde mental. “Eu sinto que essa frente tem muito a contribuir, tanto politicamente quanto socialmente e historicamente com a demarcação na saúde mental de todas e todos”, afirmou a conselheira.
O psicólogo Igo Ribeiro, da Anpsinepp, destaca que a criação da Fennasm vai possibilitar a obter meios de fortalecer a luta antimanicomial brasileira. “De fato, avançamos bastante no campo da saúde mental desde a reforma psiquiátrica, mas ainda há muitos desafios e números que nos convidam a repensar as estratégias constantemente”, destacou.
Também falando pela Fennasm, o psicólogo Emiliano de Camargo David apontou que a Frente traz um questionamento às pessoas antirracistas. “O que há de ‘antimanicolonial’ em nós, em vocês e nos seus – e nos nossos territórios, para que possamos ser compostos de uma ética radicalmente libertária?”, questionou.
Sendy Marques, promotora legal do gabinete popular feminista e antirracista da Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas (RENFA), também destacou a importância da criação da Fennasm. “Quando eu penso sobre saúde mental de pessoas negras, a primeira coisa que vem na minha cabeça é a importância da gente ter esse espaço”.
Também da Fennasm, a assistente social Rachel Gouveia ressaltou que o Serviço Social vem se constituindo em uma categoria crítica e potente no campo da saúde mental. Ela apontou que o movimento negro deve ocupar diferentes espaços como forma de construir uma agenda especial na política de saúde mental. “Propostas que tragam aquilo que é construído na base, na periferia, na favela, nos quilombos e em diferentes espaços para a gente afirmar que é fundamental o protagonismo negro”, afirmou.
Publicações
Durante o lançamento da Fennasm, a vice-presidenta do CFP, Ivani Oliveira, lembrou a coleção de publicações e de ações promovidas pelo Conselho Federal de Psicologia com a temática da luta antirracista.
“A Psicologia brasileira tem contado com a produção de pessoas que contribuíram tanto com a nossa Comissão de Direitos Humanos, como também com as pautas, criando normativas, orientações e referências no campo antirracista para atuação de psicólogas e psicólogos”, destacou.
O vídeo com a íntegra da atividade está disponível no Canal do YouTube do CFP e pode ser acessado clicando aqui.
Fonte: Conselho Federal de Psicologia